Na semana passada, os capixabas comemoraram o anúncio do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que em visita ao Espírito Santo afirmou que a capital Vitória receberá uma Superintendência do Banco do Nordeste.
O Banco do Nordeste (BNB) é o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina e nos seus 70 anos de atuação na área de abrangência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) tem contribuído para promover o desenvolvimento regional especialmente do nordeste brasileiro.
A anunciada Superintendência do BNB em Vitória chega em um ano histórico para a Sudene no Espírito Santo. Em 2023, o norte capixaba completa 25 anos de inserção na Sudene. Nosso grupo de pesquisa, o Observatório do Desenvolvimento Capixaba (ODC), tem estudado a região e nossos trabalhos mostram a importância da Sudene para o desenvolvimento dos municípios.
A cidade de Linhares, tem se destacado na utilização dos incentivos fiscais da redução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica pelas empresas estabelecidas e para a atração de novos empreendimentos.
O ODC também tem alertado para uma problemática estrutural que, nos últimos anos, forçou uma queda significativa da dinâmica da economia capixaba. Os dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) mostram que no período de 2011 a 2019, a taxa de crescimento real do produto capixaba declinou 5 vezes em relação ao ano anterior, sendo os anos de 2016 e 2019 os de maiores quedas.
Em 2019, a taxa de crescimento real do PIB (-3,8%) foi a menor taxa do Brasil. Ainda no período de 9 anos (2011-2019), a taxa de crescimento da economia estadual ficou abaixo da nacional em 5 anos. Não há mistérios na economia capixaba.
Ao longo de décadas, se consolidou – e ainda hoje é reforçada – uma estrutura produtiva pouco diversificada e cada dia mais dependente de poucos setores que são altamente vulneráveis a choques externos.
Com a vinda da Superintendência, é necessário muito mais que o fortalecimento do crédito para as empresas inseridas na Sudene capixaba desenvolverem suas atividades tradicionais.
É imprescindível que o BNB se junte às demais instituições de promoção de desenvolvimento regional e seja protagonista na mudança estrutural da economia capixaba. Nesse sentido, não há dúvidas da capacidade do Banco nessa missão.
O livro intitulado “Banco do Nordeste do Brasil: 70 anos de contribuição para o desenvolvimento regional”, escrito por renomados pesquisadores brasileiros e lançado no ano passado pela instituição, expõe com clareza de detalhes a atuação do BNB em áreas portadoras de futuro e cruciais para a transformação estrutural dos territórios que estão na área de abrangência da Sudene.
A pesquisadora Tania Bacelar mostra que o financiamento da promoção da inovação e da sustentabilidade ambiental será desafio central nas próximas décadas.
E isso já está sendo implementado no Brasil, como destacou a autora trazendo como exemplo, os Fundos de Investimento em Participações, como fazem os Bancos de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e do Espírito Santo (Bandes).
O BNB, por sua vez, é cotista dos fundos Criatec, do PRIMATEC, do Seed4science e do Fundo Capital Semente com Investimento Anjo. O banco possui experiência em mercado de capitais voltado para empreendedores inovadores.
Foi pioneiro como acionista dos fundos da série Criatec voltados para aportes em pequenas empresas comprovadamente inovadoras, a maioria oriunda de parques tecnológicos existentes no Nordeste, além de possuir e operar linhas de crédito para o financiamento de tecnologias sustentáveis. São projetos dessa natureza que esperamos que sejam apoiados pelo BNB no Espírito Santo.
Érika Leal é Conselheira do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo e Professora de Economia do Ifes Campus Cariacica
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Parabéns pelo artigo professora Érika!