Na próxima segunda-feira Vitória celebrará a sua fundação. O nome da cidade foi inspirado na vitória dos portugueses em uma batalha contra os índios Goitacazes. Os indígenas chamavam a ilha de Guananira, Ilha do Mel, em função de sua beleza que seduziu músicos e fez com que a capital do Espírito Santo tivesse dois hinos, o oficial e um emocional.
O hino oficial foi composto por Carlos Cruz, música, Almeida Cruz, letra, e Maestro Carioca, arranjo. Foi a lei municipal 2.665, de 23 de janeiro de 1980, sancionada pelo então prefeito Carlos Alberto Lindenberg Von Schilgen, que estabeleceu o Hino a Vitória, como o oficial da cidade. Na década de 80 começou a vigorar na capital capixaba a lei que oficializa o Hino Oficial da Cidade de Vitória.
Hino de Vitória – ES (LEGENDADO)
Já o hino emocional da capital do Espírito Santo foi escrito pelo compositor paulista Pedro Caetano, radicado no Espírito Santo. Durante muito tempo foi considerado por muitas pessoas, inclusive o autor deste texto, o hino oficial da cidade.
04 VITORIA, CIDADE SOL CANTA GRUPO 4X4
Nesse ponto, vale lembrar quem foi Pedro Caetano, o autor inspirado e encantado por Vitória. Como já foi afirmado, ele nasceu em São Paulo, na cidade de Bananal, em 1 de fevereiro de 1911. Aos 9 anos de idade, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, a capital do Brasil naqueles tempos. Foi nessa época que seus dons musicais começaram a aparecer e Pedro Caetano começou seus estudos de piano.
Destacou-se na chamada Época de Ouro da MPB e fez parcerias com artistas como Alcyr Pires Vermelho, Valfrido Silva e Claudionor Cruz. Lançou o seu primeiro samba em 1934, aos 22 anos. Foi uma pedra que rolou foi apresentado no Programa Casé, por Sílvio Caldas. A sua primeira gravação, no entanto, aconteceu somente em 1940, pela dupla Joel e Gaúcho na Columbia.
Foi uma pedra que rolou … samba….. Joel e Gaucho
Apesar de ter escrito mais de 400 músicas sozinho ou em parceria, a profissão de Pedro Caetano era de comerciante de sapatos. Deve ser por isso que sua própria filha demorou a entender a importância do legado do pai. De acordo com suas próprias palavras, ela “… sempre soube que ele foi um compositor importante e de sucesso, mas só fui ter uma consciência real desse legado há dez anos, quando fizemos homenagens no centenário dele e pude me aprofundar em seu repertório completo”.
Dentre as várias composições do pai, Cristina preferia a valsa “Dama de vermelho” (escrita em parceria com Alcir Pires Vermelho). Ela inclusive sabia tocá-la no piano desde menina. Como o pai, ela começou a praticar o instrumento ainda criança e aperfeiçoou sua técnica no Conservatório Brasileiro de Música, onde se formou.
A DAMA DE VERMELHO …. Valsa….. Francisco Alves com Orquestra Odeon
Pedro Caetano, por sua vez, tinha outra canção preferida. Tratava-se de É com esse que eu vou. A preferência não se devia ao fato de a música ser a mais bonita ou a mais bem feita, mas em função do sucesso que fez. Ela inclusive chegou a ser regravada por Elis Regina, em 1973.
Elis Regina – “É Com Esse Que Eu Vou” -Ensaio – MPB Especial
É verdade que Vitória não foi a única cidade capixaba a receber uma homenagem musical desse grande compositor (o hino emocional de Guarapari também é de sua autoria). Não se pode, entretanto, negar que a beleza da capital do Espírito Santo é tamanha que deixou enamorado o coração de um dos grandes nomes da MPB. Isso, por si só, já é uma justa e bela homenagem.
