Existe um modo de praticar a política de forma a atender verdadeiramente os anseios da população. Contudo, em uma sociedade que ainda não é plenamente politizada, os desejos manifestados sobre os eleitos não se traduzem automaticamente em políticas públicas. São, antes, necessidades concretas que precisam ser convertidas em projetos e ações de interesse coletivo. A maior parte do tempo, a população identifica suas demandas de maneira direta: “Tenho fome, preciso de cesta básica.” “Não consigo pagar meu aluguel, preciso de aluguel social.” “Não tenho emprego, alguém precisa me dar um emprego.” “Preciso tirar uma carteira de motorista, alguém precisa me ajudar com isso.”
Essas necessidades acabam facilitando processos em que pessoas buscam soluções imediatas, com pouco esforço, enquanto outros se aproveitam para obter vantagens igualmente fáceis — formando o chamado “casamento perfeito” entre quem quer vender e quem quer comprar votos.
A proposta do Instituto Mulheres no Poder foi criada exatamente para fazer diferente. Valendo-se da experiência acumulada desde 1992, observa-se o quanto práticas de troca direta permeiam a política tradicional. Desde então, por meio de capacitações, eventos e participação em congressos, buscou-se desenvolver o modelo ideal de participação popular, estimulando a população a lutar por suas necessidades e a compreender como políticas públicas podem ser formuladas a partir delas.
Em 1996, à frente da Secretaria de Assistência Social de Mimoso do Sul, iniciou-se um processo pioneiro de orçamento participativo. As comunidades foram encorajadas a se organizarem em associações, vinculando suas necessidades a compromissos orçamentários concretos. Essa experiência, repetida em três ocasiões distintas, revelou soluções eficazes para questões de responsabilidade municipal e estadual, especialmente em áreas críticas como segurança, saúde e infraestrutura. Assim, ao longo de anos de atuação como prefeita, assessora e formadora de lideranças, foi possível estruturar um novo mecanismo de orientação para as mulheres ligadas ao Instituto Mulheres no Poder.
Afirma-se com convicção: existe um caminho fácil para ganhar a eleição — o sistema de troca imediata. Quem busca comprar um mandato, segue uma cartilha que vai de promessas de cargos a benefícios pessoais, passando por acordos políticos em troca de apoios futuros ou nomeações de assessores sem critérios de competência. Tal prática, porém, prejudica profundamente a boa gestão, trazendo desafios éticos e operacionais ao poder público.
A escolha de assessores, por exemplo, deveria ser pautada por critérios sólidos: gostar de lidar com o povo, tratar a população com respeito e cordialidade, ser uma pessoa de confiança e honestidade, e possuir capacidade de gestão. Reunir todos esses atributos em apoiadores políticos não é tarefa simples, mas é essencial para construir projetos duradouros.
Outro aspecto recorrente é a promessa de empregos ou favores em troca de apoio eleitoral. O eleitor, muitas vezes, espera algo de todos os candidatos — quem não promete, perde espaço. Tal lógica reforça o desafio moral de quem se candidata, colocando à prova a integridade de todos os envolvidos. Existem ainda situações extremas de compra de votos com dinheiro, nas quais se estabelecem acordos informais e práticas reprováveis que impactam negativamente o processo democrático.
Diante dessas realidades, o Instituto Mulheres no Poder propõe um caminho oposto: a orientação para que as mulheres tenham conteúdo, qualificação e pleno entendimento do funcionamento da política. Mais que desejar a mudança, é fundamental possuir meios para promovê-la com ética e compromisso social.
Momentos de emoção e esperança são recorrentes nessa trajetória. Ao presenciar histórias de superação, honestidade e criatividade, como a de um jovem que sustenta sua família vendendo café ou de um casal vendendo paçoca de forma confiável, a motivação para seguir na política é renovada. Esses exemplos mostram que é possível encontrar pessoas dispostas a fazer o certo, transformando não apenas o estado do Espírito Santo, mas todo o Brasil.
A convicção de que ainda há esperança no ser humano e de que é possível reunir forças para promover o verdadeiro empoderamento feminino, enfrentar desafios políticos e ampliar a representatividade é a essência dessa luta. Que o Brasil se torne um país reconhecido pelo compromisso com a ética, a justiça e o bem coletivo. E que cada história de transformação inspire mais pessoas a fazer parte dessa mudança.










Histórias inspiradoras!! No Brasil temos pessoas extraordinárias que só precisam dd oportunidades para crescer mais e mais!!