O velho tabu: “Falar sozinho é sinal de loucura”. Quantas vezes você já ouviu isso? Pois eu venho aqui, de peito aberto e com o respaldo de Carl Jung te dizer que conversar consigo mesmo não só é normal como é um sinal de saúde mental.
Sim, você leu certo. Se você fala sozinho, seja no banho, no trânsito ou enquanto procura as chaves que estão no seu bolso, não, você não está ficando maluco.
Está, na verdade, exercitando uma das ferramentas mais poderosas que a mente humana tem para se organizar, criar e até se curar, o diálogo interno.
Jung falava muito sobre a importância do diálogo interno. Para ele, a psique é um campo de forças em constante movimento, onde diferentes “vozes” conversam entre si. Quando você fala sozinho, está apenas externalizando esse processo natural.
É uma forma de autoconhecimento o exercício de verbalizarmos nossos pensamentos e darmos forma ao que antes era apenas um turbilhão interno. Isso ajuda a clarear ideias, tomar decisões e até resolver conflitos emocionais.
Quantas vezes uma grande ideia surgiu quando você estava debatendo sozinho em voz alta? A fala solitária ativa conexões neurais diferentes, estimulando insights que o pensamento silencioso muitas vezes não alcança.
Repetir frases como “Vai dar certo” ou “Preciso me acalmar” não é loucura, é autorregulação emocional. Você está se dando o suporte que precisa.
“Mas e se alguém me vir falando sozinho?”
A sociedade ainda estranha quem fala consigo mesmo porque associa isso à desorganização mental. Mas pense, quando um jogador de futebol xinga sozinho em campo, ninguém acha que ele está surtando. Quando um cantor ensaia no espelho, ninguém o interna. Por que, então, seria diferente com você?
A verdade é que quem não conversa consigo mesmo está perdendo uma das melhores conversas da vida. Você é a única pessoa que está com você 24 horas por dia, todos os dias. Não seria estranho não falar com alguém tão presente?
Se você já faz isso, ótimo! Se ainda tem vergonha, aqui vão dicas para transformar esse hábito em algo ainda mais poderoso:
Faça perguntas em voz alta: “Por que isso me incomodou tanto?” “O que eu realmente quero?” Falar estimula respostas mais honestas.
Use o espelho: Olhar para si mesmo enquanto fala aumenta a conexão emocional. Muitos terapeutas recomendam essa técnica.
Anote os insights: Se uma grande ideia surgir no meio do seu diálogo interno, registre. Pode ser o seu inconsciente trabalhando a seu favor.
No fim das contas, falar sozinho não é coisa de louco, é coisa de quem pensa, reflete e se importa consigo mesmo. Se a sociedade ainda torce o nariz, problema dela. Você, enquanto isso, siga tendo as melhores conversas da sua vida, aquelas que fortalecem sua mente, acalmam seu coração e quem sabe até te salvam de esquecer as chaves no bolso de novo.
E aí, já conversou com você hoje?