8 de junho de 2025
domingo, 8 de junho de 2025

Escrever é uma festa

Já leu Paris É Uma Festa, de Ernest Hemingway? Um conjunto de memórias dos anos que o autor viveu em Paris. É um livro curto, com cerca de 250 páginas, mas você termina a leitura completamente encantada — tanto pela história quanto pela escrita envolvente de Hemingway.

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Hemingway… um grande escritor e jornalista norte-americano que, logo nas primeiras páginas de uma de suas obras mais famosas, nos apresenta dois clichês que todo escritor já enfrentou:

“Não se aborreça. Você sempre escreveu antes e vai escrever agora.”

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Destaco essa frase que, acredite, quase todos os dias repito para mim mesma. Quem trabalha com escrita sabe como é ficar paralisado diante de um texto, sem a menor ideia de como concluí-lo. Porém, mais adiante, Hemingway nos sugere uma solução simples e valiosa:

“Escreva a frase mais verdadeira que puder.”

Perdi as contas de quantas vezes fiquei travada em um texto por tentar enfeitá-lo demais e, no final, nem eu mesma entendia onde queria chegar. Gastamos tempo demais buscando as palavras “perfeitas” e esquecemos que o ideal é escrever de forma clara, simples e direta, mas, acima de tudo, compreensível.

Ter uma escrita acessível é uma verdadeira arte, e isso só pode ser alcançado com uma linguagem descomplicada, que traga honestidade e autenticidade. Muitas vezes temos a mania de escrever muito, enrolar e, ainda assim, não chegar a lugar algum. Hemingway nos ensina que simplicidade é solução, não obstáculo.

“(…) Aprendi a não pensar mais sobre o que estivesse escrevendo desde o momento em que parasse até começar de novo, no dia seguinte.”

Nada melhor do que guardar o texto inconcluso e dar uma pausa, não é? Ficar offline da escrita por um tempo é essencial para conseguirmos retorná-la com mais clareza e criatividade.

Como o próprio Hemingway aponta, enquanto nosso subconsciente continua processando o conteúdo, temos a oportunidade de descansar, observar o que acontece ao nosso redor e até nos inspirar com novas ideias. Os melhores insights podem surgir de uma simples caminhada até a padaria, de uma palavra ouvida ao acaso, de um outdoor que lemos no meio do caminho.

Acredito que se afastar do trabalho antes de finalizá-lo seja uma parte essencial do processo criativo — talvez a mais importante. Sempre que for escrever, planeje um prazo maior do que o habitual. Jamais envie a primeira versão de seu texto (às vezes nem mesmo a segunda). Permita-se corrigir, reescrever e sofisticar suas ideias.

Hemingway finaliza brilhantemente:

“(…) Poderia ler muitos livros, a fim de não me obcecar com meu próprio trabalho e me tornar impotente para executá-lo.”

A mensagem é clara: se desprender do próprio trabalho e buscar novas referências é fundamental para não travar e para se enriquecer criativamente.

Por isso, deixo aqui a sugestão: leia Paris É Uma Festa. Tenho certeza de que você encontrará não apenas inspiração, mas reflexões preciosas para quem vive do ato — e da paixão — de escrever.

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Rafaela Maia
Rafaela Maia
Jornalista, leitora e escritora focada em vivências do dia a dia

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