No último dia 7 de novembro, a HBO Max incluiu em seu catálogo o longa animado Batman Azteca: Choque de Impérios. O projeto vinha suscitando interesse desde o anúncio de seu desenvolvimento em 2022 e revelou‑se visualmente encantador quando exibido.
Antes de chegar à plataforma de streaming, Choque de Impérios passou por uma temporada em salas selecionadas no México, onde recebeu, em grande parte, críticas negativas que o rotularam como “decepção”. Ainda assim, parte do público mostrou‑se reticente diante dessas avaliações.
Surgem, após a exibição, questionamentos sobre as expectativas do público em relação a produções de super‑heróis: o que a DC ou a Marvel deveriam produzir para satisfazer espectadores tidos como “exigentes”? Observa‑se com frequência um movimento crítico que tende a apontar falhas e a estimular reações negativas, mesmo quando a obra tem méritos.
Batman Azteca não precisa agradar a todos, mas está longe de justificar a alcunha de grande decepção atribuída por alguns; é, inclusive, mais instigante do que produções como Batman Ninja. O filme contou com a colaboração do especialista em estudos mesoamericanos e história étnica do México e da região andina Alejandro Diaz Barriga, participação que se percebe em diversos trechos da obra.
Os astecas são retratados com respeito, e vários eventos históricos foram incorporados ao enredo. A Warner e a DC também contaram com o apoio do estúdio mexicano Ánima e da Chatrone, empresa com escritórios nos Estados Unidos e no Brasil.
Ao contrário da origem clássica de Batman, em que o jovem Bruce Wayne presencia o assassinato dos pais e é criado por Alfred, o protagonista aqui é um adulto jovem chamado Yohuall Coatl, filho do líder de uma pequena comunidade.

Com a chegada dos espanhóis, parte da população os confunde com divindades, até que a verdadeira natureza dos invasores se revela. Nesse momento, o pai de Yohuall morre e o jovem busca refúgio na capital Tenochtitlán. Ao avisar o rei sobre a ameaça, o soberano acaba persuadido por seu conselheiro.
Personagens do universo do morcego recebem releituras notáveis: Hera Venenosa, Mulher Jaguar e até o Coringa aparecem repaginados. A origem do Coringa, em particular, é instigante; sua loucura é construída e utilizada como peça de um plano maior, manipulada por forças divinas, lembrando, em alguns aspectos, elementos de Cavaleiro da Lua, da Marvel Studios.
A gênese do herói, marcada por acertos e falhas, aproxima‑o do público; a busca por vingança transforma‑se em missão para despertar o povo diante do verdadeiro mal. O antagonista principal é Hernán Cortés, que assume aqui a identidade do Duas Caras, interpretando um vilão cruel e egoísta: uma escolha de nome surpreendente, mas eficaz no papel.

A animação também aposta no misticismo e no aspecto divino. Num cenário em que muitas adaptações do Batman optam pelo realismo, a imersão no elemento mágico é especialmente cativante. O tom lúdico e sobrenatural predomina, e o desfecho reforça esse caráter sagrado, algo raro em adaptações live‑action do personagem.
De modo geral, Batman Azteca combina de forma eficaz a linguagem dos quadrinhos com referências à história mesoamericana, funcionando como uma espécie de aula histórica envolvente. Permanece em aberto como o público mexicano recebeu a produção e se houve questionamentos locais. A animação poderia ter ritmo mais fluido e esclarecer melhor certas passagens, como a primeira aparição da Mulher Jaguar, mas o saldo final é positivo.
Nota: 8/10
Batman Azteca: Choque de Impérios está disponível na HBO Max, com dublagem e legendas em português.









