5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Como melhorar a vida sexual na menopausa

Algumas mulheres relatam perceber o climatério como uma novidade no corpo. De forma repentina, o interesse sexual pode desaparecer, o padrão do sono se altera, e outras sentem apenas um leve descompasso, como um calor súbito, irritabilidade sem causa aparente ou um cansaço antes desconhecido. As mudanças hormonais e emocionais desse período também interferem na vida sexual na menopausa, levando muitas a notar alterações no desejo e na maneira de experimentar o prazer; em certos momentos ele reduz-se e, em outros, simplesmente se transforma.

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Segundo a sexóloga e terapeuta sexual Tamara Zanotelli, aceitar que esta etapa faz parte do ciclo natural ajuda a aliviar a culpa e a ansiedade comuns entre muitas mulheres. “O desejo sexual passa por ajustes, mas isso é uma resposta natural do corpo. A libido é um fenômeno biopsicossocial: envolve hormônios, mas também emoções, estresse, autoestima e a qualidade das relações”, ela explica.

Nem toda mulher perde o desejo

A redução de estrogênio e testosterona pode provocar sinais físicos, como o ressecamento vaginal, que prejudicam o prazer, mas não indicam o fim da vida sexual. “Não se pode generalizar. O corpo de cada mulher é único; há quem note variações na libido e quem não perceba alterações”, ressalta a terapeuta.

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A ginecologista e obstetra Ana Maria Passos, especialista em saúde da mulher 40+, reforça que as alterações hormonais são naturais. “Na perimenopausa, os hormônios começam a oscilar e há queda da testosterona, o que tende a reduzir a libido e a iniciativa sexual. Na menopausa, a menor produção de estradiol impacta diretamente a qualidade das relações e a vivência do prazer.”

Ela enfatiza que o desconforto não é inevitável. “Existem tratamentos eficazes. A reposição hormonal, administrada de forma sistêmica ou local, é uma opção tratável: não há motivo para que as mulheres sofram com isso.”

Mesmo assim, o cuidado precisa considerar mais do que o aspecto físico. Quando a vida sexual é afetada durante a menopausa, é necessário um olhar abrangente. “Se a causa for hormonal, o tratamento médico e os cuidados corporais auxiliam. Se for emocional, a terapia sexual, de casal ou psicológica é importante. Compreender o que está ocorrendo é o primeiro passo para se reconectar ao prazer”, reforça Tamara.

O autoconhecimento como bússola

A especialista aponta que o autoconhecimento ganha maior relevância nessa fase. “Ele possibilita que a mulher identifique suas necessidades, limites e desejos, sendo uma forma de cuidar da saúde emocional e transformar o período em uma experiência prazerosa e tranquila.”

Ao dedicar atenção a si mesma, muitas mulheres encontram um ritmo mais calmo, menos orientado pela performance e mais sintonizado com as sensações. “O prazer não se restringe ao corpo; começa na mente e surge quando há sensação de segurança e acolhimento”, complementa a profissional.

Nesse momento, é frequente que surjam dúvidas, inseguranças e até sentimentos de culpa relacionados à sexualidade. “Muitas acreditam que deixarão de sentir desejo, e essa expectativa gera ansiedade. A pressão para manter determinada frequência sexual ou corresponder a expectativas externas pode provocar bloqueios e reduzir o prazer”, observa Tamara.

“Cuidar da saúde íntima é também cuidar da autoestima e do prazer. O corpo pode mudar, mas continua sendo fonte de vitalidade.”

Para a médica, parte desse peso advém dos mitos que cercam o envelhecimento. Ela explica que o tabu sobre a sexualidade feminina persiste, como se a menopausa assinalasse o término do prazer. “Parece que, ao entrar nessa fase, a mulher perde o direito de desejar. Isso é um equívoco: a vontade permanece e há direito de viver a sexualidade de forma plena, com autonomia e liberdade”, afirma Ana Maria.

Um convite à redescoberta

Quando a mulher aprofunda o autoconhecimento, a percepção sobre o prazer tende a se transformar. Essa nova relação consigo mesma reflete nas trocas afetivas e nos laços amorosos; muitas vezes os casais são chamados a reencontrar a própria intimidade.

Ao longo do tempo, a rotina, o cansaço e as responsabilidades podem diminuir a espontaneidade na relação. Ainda assim, existem caminhos para reativar a conexão. Tamara aponta que o primeiro passo costuma ser simples: conversar sobre as sensações. “Fortalecer a intimidade emocional e renovar os gestos de carinho traz impacto significativo”, observa.

Pequenos cuidados, como caminhar juntos, zelar pela aparência ou investir no bem-estar, colaboram para reconectar corpo e mente, abrindo espaço para que o prazer retorne.

Ana Maria lembra que o aspecto físico também sustenta o prazer. “Fisioterapia pélvica, uso regular de hidratantes íntimos e tratamentos como laser íntimo são recursos que melhoram a lubrificação e fortalecem a região. Essas intervenções contribuem para preservar o conforto e o prazer nas relações.”

Na visão de Tamara, a vida sexual durante a menopausa pode se transformar em um período valioso. “Essa etapa pode converter a experiência acumulada em oportunidade: muitas relatam um prazer mais leve, sensorial e menos pautado por desempenho. É um momento de maturidade e de reconexão com o próprio corpo.”

Cultivar a intimidade pessoal envolve gestos simples: autotoque consciente, massagens, banhos prolongados, aromas e músicas que ativem os sentidos são maneiras de restabelecer contato com o corpo. É sobre criar um clima para si, sem pressa ou cobrança.

“Cada fase da vida pode ser celebrada pelo desejo. O climatério não encerra a sexualidade; representa a oportunidade de vivê-la com maior presença, liberdade e amor-próprio”, conclui Tamara.

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