A segurança das mensagens criptografadas, das transações em bitcoin e da proteção de dados sensíveis está entre as principais prioridades de empresas e usuários. Contudo, os avanços tecnológicos podem colocar essa proteção em risco mais cedo do que se imagina.
À medida que os computadores quânticos se tornam realidade, os algoritmos atuais de segurança podem ficar obsoletos, segundo um artigo publicado pela Ars Technica.
Evolução na segurança das comunicações
Anteriormente, as empresas focavam em combater ameaças cibernéticas imediatas. Hoje, enfrentam um novo dilema: como investir na substituição de sistemas que, em breve, poderão ser vulneráveis a computadores quânticos.
O Protocolo Signal se destaca nesse cenário. Ao contrário da maioria, a equipe responsável pelo aplicativo está na vanguarda do desenvolvimento de um sistema de código aberto que reforça a criptografia de ponta a ponta usada em plataformas de mensagens seguras.
Adaptar o Protocolo Signal para resistir a ataques quânticos representou um desafio significativo. O sistema, já bastante complexo, precisava operar sem falhas. A mais recente atualização, concluída com êxito, é vista como um marco na proteção das comunicações.
Esta parece ser uma melhoria sólida e bem pensada para o Protocolo Signal existente.
Brian LaMacchia, engenheiro de criptografia do Farcaster Consulting Group, à Ars Technica.
LaMacchia ressaltou os ajustes realizados para minimizar o impacto no desempenho da rede após a implementação da nova funcionalidade pós-quântica.
Medidas implementadas para aprimorar o Protocolo Signal
- O protocolo X3DH foi substituído pelo PQXDH, que combina abordagens tradicionais com soluções resistentes a computadores quânticos.
- Foi adotada a criptografia ML-KEM-768, desenvolvida e aprovada por especialistas do governo norte-americano, para dificultar a quebra de chaves de segurança.
- Uma terceira camada de proteção foi adicionada, assegurando que mensagens antigas e futuras permaneçam seguras mesmo se uma chave for comprometida.
- O Signal gera uma nova chave a cada mensagem, impedindo a decifração completa de uma conversa.
- As chaves foram divididas em partes menores, permitindo sua reconstrução em caso de falha na conexão.
- Os processos de criptografia foram otimizados para ocorrer em paralelo, aumentando a velocidade e a segurança.
- O sistema mantém a proteção das mensagens mesmo em situações de instabilidade ou monitoramento da rede.
Desafios persistentes
A equipe de desenvolvimento identificou que a nova proteção quântica era rápida demais para sincronizar com o sistema antigo. Como solução, criaram uma camada adicional independente, chamada SPQR (Sparse Post Quantum Ratchet), que opera em conjunto com a estrutura tradicional.
Essa abordagem permite que cada mensagem seja criptografada com duas chaves distintas, combinadas para formar uma proteção mais robusta. Dessa forma, mesmo que um computador quântico consiga violar uma das camadas, a outra manterá os dados seguros.
Para os usuários, nenhuma mudança é perceptível. O aplicativo continua funcionando normalmente, mas agora conta com uma camada extra de segurança preparada para o futuro da computação quântica.
Se as mensagens criptografadas são gatos, então os textos pós-quânticos são elefantes. Temos que fazer um elefante passar furtivamente por um túnel projetado para gatos.
Matt Green, especialista em criptografia da Universidade Johns Hopkins, à Ars Technica.
Todas as atualizações serão aplicadas automaticamente nas próximas versões do aplicativo, sem necessidade de intervenção dos usuários.
