No estande “Conheça o Brasil”, do Ministério do Turismo, instalado na Green Zone da COP30 em Belém (PA), o painel “Governança Local e Turismo Regenerativo: Desafios e Oportunidades”, reuniu pesquisadores, representantes do setor privado, lideranças indígenas e especialistas em sustentabilidade para debater como o turismo pode ser usado como instrumento de regeneração ambiental, requalificação urbana e promoção do desenvolvimento comunitário.
A moderação ficou a cargo do professor Álvaro Espírito Santo, da Universidade Federal do Pará (UFPA). Participaram do painel o especialista em comunicação Glauco Alexander Lima, o gerente de portfólio Matheus Mendes, a vereadora e liderança indígena Ingrid Sateré Mawé, e Luciana De Lamare, cofundadora e presidente do Instituto Aupaba.
Reflexões iniciais
Na abertura, Glauco Alexander afirmou que o turismo regenerativo surge como alternativa diante dos limites da sustentabilidade tradicional. Durante muito tempo, o turismo foi tratado como uma atividade de baixo impacto — a chamada “indústria sem chaminé” —, porém hoje muitos destinos no mundo sofrem pressão ambiental e social causada pelo aumento do fluxo de visitantes.
Para Glauco, regenerar implica restaurar ecossistemas, revitalizar centros urbanos e fortalecer as comunidades locais, encarando o destino como um organismo vivo. “O turismo precisa deixar um legado de proteção e recuperação territorial. Queremos o turismo, mas queremos, sobretudo, a Amazônia viva”, disse.
Em seguida, Matheus Mendes relatou experiências de descarbonização em destinos internacionais, como Machu Picchu, no Peru, e ressaltou que ações climáticas só são efetivas quando mobilizam todo o destino: poder público, empresas, guias, moradores e demais integrantes da comunidade local. “Quando o destino trabalha de forma integrada, as mudanças ocorrem mais rápido e geram resultados palpáveis: melhoria da infraestrutura, experiência qualificada para o turista e fortalecimento da economia local”, observou.
Matheus também destacou vantagens competitivas do Brasil, citando a matriz energética de baixa emissão e a extensa cobertura florestal, fatores que posicionam o país de modo estratégico para liderar práticas regenerativas no turismo mundial.
A vereadora Ingrid Sateré Mawé, primeira mulher indígena eleita em Florianópolis (SC), trouxe ao debate a perspectiva das comunidades tradicionais sobre a governança do turismo. Natural de Manaus (AM) e filha de paraense, Ingrid ressaltou que decisões sobre preservação e desenvolvimento devem considerar o conhecimento local e a memória dos territórios.
“Quem sabe qual rio está sofrendo, qual trilha está cansada e qual árvore está gritando são os povos que vivem nesses territórios: indígenas, quilombolas, ribeirinhos, comunidades tradicionais. Governança é vivência”, declarou, enfatizando a centralidade desses saberes.
Luciana De Lamare, encerrando as falas do painel, apresentou metodologias de design regenerativo que priorizam a escuta do território, a cocriação de soluções e o fortalecimento da autoestima das comunidades.
Ela ressaltou a necessidade de que o turismo regenerativo não seja superficial, mas se fundamente em processos participativos que vão do diagnóstico ambiental a práticas de engajamento cultural e social. “Soluções reais não vêm de fora. Elas nascem do território e das pessoas que o constroem todos os dias”, afirmou.
Programação e lançamentos
No último dia da COP30, o Ministério do Turismo concluiu uma programação ampla e estratégica que marcou as duas semanas do evento. No auditório Carimbó, especialistas nacionais e internacionais participaram de debates de alto nível sobre turismo regenerativo, financiamento climático, justiça ambiental e valorização de comunidades tradicionais, promovendo reflexões relevantes para o futuro do setor.
Além dos painéis, o Ministério utilizou o espaço da conferência para apresentar produtos voltados à adaptação climática do turismo, iniciativas que reforçam o compromisso do país com a inovação, a sustentabilidade e o fortalecimento do turismo responsável:
- Trilha Amazônia Atlântica
- Mapeamento do Turismo em Comunidades Indígenas
- Série “Pelos Rios da Amazônia”
- Plano de Adaptação Climática do Turismo Brasileiro







