Seis associações comunitárias de San Sebastián, no País Basco, enviaram uma carta à Fifa solicitando a retirada da cidade da lista de sedes da Copa do Mundo de 2030. O documento, divulgado nesta terça-feira (8), expressa preocupação com os impactos que o evento pode trazer para a vida local, especialmente em relação ao turismo de massa.
“Receber a Copa só vai agravar a crise habitacional, a pressão sobre os espaços públicos e a descaracterização da cidade”, afirma o texto. Os moradores argumentam que o torneio amplia um processo já em curso: a “turistificação”, em que a infraestrutura urbana e a dinâmica da cidade passam a priorizar os visitantes em detrimento dos residentes.
San Sebastián foi anunciada como uma das 11 cidades espanholas que sediarão jogos da Copa, que também terá partidas em Portugal e no Marrocos. Apesar do prestígio internacional, parte da população local vê a escolha com ceticismo. “A Copa só beneficia poucos. Para o resto, sobra o caos”, diz a carta enviada à entidade máxima do futebol.
O crescimento do turismo na cidade tem sido expressivo: entre 2015 e 2024, o fluxo de visitantes aumentou 78%. Conhecida por sua praia de La Concha e pela gastronomia premiada, San Sebastián tem enfrentado um salto no preço dos imóveis e manifestações frequentes contra o turismo excessivo. Em outubro passado, protestos em diversas cidades espanholas marcaram o descontentamento com os efeitos desse modelo de desenvolvimento.
Agora, com jogos previstos no Estádio Anoeta, os moradores temem novas obras voltadas exclusivamente ao setor turístico, um cerco de segurança que comprometa a mobilidade urbana e ainda mais especulação imobiliária. No documento, as associações defendem uma política de “decrescimento turístico” e criticam a realização de grandes eventos como a Copa, por considerarem que seguem na direção oposta.
A Fifa não respondeu ao pedido até o momento. O prefeito de San Sebastián, Eneko Goia, rebateu as críticas e afirmou que a cidade deveria se orgulhar de sediar eventos internacionais. “Se dependesse deles, não teríamos nem projeção global”, declarou.