IA detecta anomalias cerebrais em crianças com epilepsia
Pesquisadores australianos divulgaram o desenvolvimento de uma tecnologia baseada em inteligência artificial capaz de identificar pequenas malformações cerebrais, muitas vezes imperceptíveis em exames de crianças com epilepsia, possibilitando intervenções cirúrgicas mais rápidas e eficazes.
Causas e desafios diagnósticos
Especialistas explicam que a epilepsia tem diversas origens; cerca de 30% dos casos estão relacionados a irregularidades estruturais no cérebro. No entanto, essas alterações frequentemente escapam à detecção em ressonâncias magnéticas, principalmente quando se trata de lesões diminutas localizadas em áreas profundas do tecido cerebral.
Avanço técnico
Liderados pela neurologista pediátrica Emma Macdonald Laurs, do Hospital Real Infantil de Melbourne, cientistas desenvolveram um sistema de inteligência artificial treinado com exames cerebrais de crianças para identificar lesões do tamanho de pequenas frutas. “Muitas vezes essas anomalias passam despercebidas, impedindo que crianças sejam consideradas para procedimentos cirúrgicos”, destacou a especialista durante a apresentação do estudo.
A pesquisadora esclareceu que o sistema não pretende substituir radiologistas ou especialistas em epilepsia, mas atua como um apoio para agilizar o diagnóstico. Entre os participantes com displasia cortical e epilepsia focal, 80% haviam realizado exames de imagem anteriores sem resultados conclusivos.
Resultados promissores
Quando combinada com tomografias por emissão de pósitrons (PET), a ferramenta alcançou taxas de precisão de 94% e 91% em diferentes grupos de teste. Das 17 crianças avaliadas inicialmente, 12 foram submetidas à cirurgia para remoção das lesões; 11 apresentaram remissão completa das crises epilépticas.
Próximas etapas
Os pesquisadores planejam agora testar o sistema em ambiente hospitalar rotineiro, avaliando pacientes ainda sem diagnóstico confirmado. A epilepsia afeta cerca de uma em cada 200 crianças; medicamentos convencionais falham em cerca de 33% dos casos.
Pesquisa similar no King’s College London obteve taxa de detecção de 64% para lesões epilépticas não identificadas em exames radiológicos convencionais.








