Em apenas dois anos, a irrupção da inteligência artificial generativa já impactou uma infinidade de setores, incluindo o da comunicação. À medida que novas propostas tecnológicas emergem, chamadas a alterar a forma como os usuários navegam na internet, a Prisa Media – unidade de negócios que integra o EL PAÍS – continua formando uma densa rede de alianças estratégicas em nível mundial para reforçar sua liderança no mercado de comunicação em espanhol. Nesse contexto se insere o acordo alcançado pela divisão de meios do grupo Prisa com a Perplexity AI.
Perplexity é um motor de busca conversacional que, com base na tecnologia GPT da OpenAI, responde às perguntas formuladas pelos usuários usando texto preditivo em linguagem natural e identificando as fontes de informação nas quais fundamenta suas respostas. Esta startup, cofinanciada entre outros por Jeff Bezos, fundador da Amazon, o gigante dos chips Nvidia, e a multinacional espanhola Telefónica, está avaliada em cerca de 8 bilhões de dólares (7,6 bilhões de euros) e finaliza uma nova rodada de financiamento.
No âmbito do Programa de Editores Perplexity, a companhia está selando alianças com diferentes grupos de comunicação globais, que autorizam o uso de seus conteúdos para responder às consultas dos usuários do buscador em troca de compartilhar a receita publicitária gerada.
Depois de ter alcançado acordos desse tipo com as revistas americanas Time e Fortune e com a alemã Der Spiegel, agora a Perplexity firmou parcerias com uma dezena de editores mundiais, entre os quais se destacam Los Angeles Times, The Independent e Prisa Media, o grupo de comunicação de referência tanto na Espanha quanto na América Latina.
“Não poderíamos oferecer respostas objetivas e valiosas sem que as organizações de notícias continuassem informando sobre diferentes temas”, explica Jessica Chan, diretora de Alianças com os Editores da Perplexity. Em sua opinião, este esquema cooperativo “reimagina como colaboram as empresas de tecnologia e os editores de notícias, garantindo que as empresas de meios possam se beneficiar à medida que continuamos crescendo”.
“Contribuímos para que a navegação com IA seja um espaço informativamente seguro e confiável”
Carlos Núñez, presidente executivo da Prisa Media
Para a Prisa Media, canalizar os conteúdos do EL PAÍS, da Cadena SER e do restante de suas publicações através dos buscadores que operam com IA é uma forma de prestar o melhor serviço a seus leitores e ouvintes, além de ampliar suas audiências em escala mundial. Por isso, já assinou diferentes contratos com empresas líderes no campo da Inteligência Artificial, começando pelo anunciado em março passado com a OpenAI, conforme o qual os usuários do ChatGPT podem interagir com os conteúdos de qualidade que publicam todos os seus meios, incluindo o AS, Cinco Días e El HuffPost.
Essas alianças pioneiras se inscrevem na profunda transformação digital da Prisa Media que está sendo impulsionada por seu presidente executivo, Carlos Núñez. No plano estratégico com o qual este grupo editorial enfrenta o desafio da Inteligência Artificial, constam quatro objetivos fundamentais: acelerar a estratégia de distribuição multicanal dos conteúdos de qualidade gerados pelas publicações da Prisa Media, otimizar a monetização dos mesmos, fomentar a eficiência na produção das propostas informativas do grupo e contribuir para a construção de um ecossistema comunicativo mais saudável e veraz.
“A voracidade da desinformação, que permeia sem freio os motores de busca e as redes sociais, constitui uma ameaça manifesta para as democracias. Com nossos conteúdos verídicos, rigorosos e independentes, que eliminam por completo as fake news, queremos contribuir para que a navegação com IA seja um espaço informativamente seguro e confiável”, expõe Núñez.