A cápsula espacial Orion, da Nasa, pousou com segurança no oceano Pacífico neste domingo (11), concluindo a missão Artemis 1, que, em pouco mais de 25 dias, circulou a Lua com o objetivo de levar os humanos de volta à superfície do satélite da Terra em alguns anos.
O pouso no mar ocorreu em frente à ilha de Guadalupe, no México, por volta das 14h40 no horário de Brasília (9h40 local).
“Este dia marca um grande feito para a Nasa, os Estados Unidos, nossos parceiros internacionais e toda a humanidade”, disse o diretor da agência espacial americana, Bill Nelson, em nota à imprensa.
A cápsula, que não tinha um astronauta a bordo para esse voo de teste, reentrou na atmosfera terrestre a uma velocidade de 40 mil km/h, suportando um calor de 2.800°C, a metade da temperatura da superfície do Sol.
O principal objetivo da missão consistia em testar o escudo térmico da Orion, o maior já construído (com 5 metros de diâmetro).
“É uma peça crítica de segurança, projetada para proteger a espaçonave e seus passageiros”, explicou Mike Sarafin, responsável pela missão Artemis 1. “O escudo térmico precisa funcionar”, afirmou, antes do retorno da nave.
A descida vertiginosa da nave foi freada primeiro pela atmosfera e depois por uma série de pelo menos 11 paraquedas até alcançar uma velocidade de aproximadamente 30 km/h ao tocar a água.
“Tivemos um pouso no mar absolutamente perfeito”, disse Melissa Jones, encarregada das operações de recuperação da Nasa.
Pouco depois, helicópteros sobrevoaram a nave espacial, que não apresentou danos aparentes.
A Nasa deixará Orion flutuar por duas horas, muito mais tempo do que deixaria se estivesse com astronautas a bordo, para coletar dados. “Vamos ver como o calor é absorvido pela cápsula e como isso afeta a temperatura interior”, explicou Jim Geffre, chefe da Orion na Nasa.
Na sequência, mergulhadores deveriam instalar cabos na cápsula para erguê-la até o USS Portland, um navio de transporte anfíbio, cuja popa está parcialmente submersa. Então a água será bombeada, permitindo depositar a Orion lentamente sobre uma plataforma especialmente projetada para sustentá-la.
A previsão é que essa etapa da operação durasse entre quatro e seis horas a partir do pouso no mar. Depois o USS Portland se dirigirá para San Diego, na Califórnia, onde a cápsula será desembarcada.
O sucesso desta missão é considerado crucial para a Nasa, que investiu dezenas de bilhões de dólares no programa Artemis de retorno à Lua. O objetivo é preparar uma futura viagem a Marte.
Um primeiro teste foi realizado em 2014, mas a cápsula não saiu da órbita da Terra e, portanto, entrou na atmosfera mais lentamente, a cerca de 32 mil km/h.
No total, a Orion percorreu desta vez mais de 2,2 milhões de quilômetros no espaço desde sua decolagem, em 16 de novembro, no primeiro voo do novo megafoguete da Nasa, o SLS, que a lançou.
A nave sobrevoou a Lua a 130 km de sua superfície e se aventurou a mais de 430 mil km da Terra, mais longe do que qualquer outra nave espacial até hoje.
Recuperar a cápsula permitirá à Nasa coletar dados cruciais para futuras missões.
A Orion fornecerá informações sobre o estado da espaçonave após o voo, mas também sobre as acelerações e vibrações sofridas a bordo e sobre o desempenho de um colete colocado em um manequim dentro da cápsula para testar a proteção que um humano teria contra a radiação durante a viagem espacial.
Espera-se que alguns componentes da cápsula sejam reutilizados na missão Artemis 2, que já está em estágios avançados de planejamento. Esta segunda missão, prevista para 2024, levará uma tripulação à Lua, embora sem pouso. A Nasa deve anunciar os nomes dos astronautas escolhidos muito em breve.
A Artemis 3, prevista oficialmente para 2025, vai pousar uma espaçonave no polo sul da Lua pela primeira vez, onde há água em forma de gelo.
Apenas 12 homens, todos brancos, pisaram na superfície lunar nas missões Apollo, a última em 1972, há 50 anos.
O programa Artemis planeja enviar uma mulher e uma pessoa não branca à Lua pela primeira vez.
O objetivo é estabelecer uma presença permanente na Lua, com uma base em sua superfície e uma estação espacial em sua órbita.
Aprender a viver na Lua permitiria testar toda a tecnologia necessária para uma viagem de vários anos a Marte, possivelmente no final da década de 2030.