
O omeprazol, que durante anos foi visto como um protetor gástrico inofensivo, tem sido retirado de diversas prescrições porque o uso prolongado sem supervisão pode provocar efeitos indesejados. A gastroenterologista Débora Poli, do Hospital Sírio-Libanês, ressalta que a recomendação atual é reduzir indicações desnecessárias. Pertencente ao grupo dos inibidores da bomba de prótons (IBPs), o fármaco reduz a acidez estomacal e é eficaz no tratamento de úlceras e do refluxo. No entanto, o uso contínuo pode comprometer a absorção de ferro, magnésio, cálcio e vitamina B12, aumentando o risco de anemia, cãibras e osteopenia.
Indicações e alternativas
O medicamento segue indicado em situações específicas, como refluxo intenso, gastrite, úlceras e infecção por Helicobacter pylori. Karoline Soares Garcia, da Federação Brasileira de Gastroenterologia, explica que o omeprazol continua útil e de baixo custo, mas deve ser usado pelo menor tempo possível. Pacientes com sintomas leves ou refluxo intermitente podem optar por bloqueadores H2, como a famotidina, ou por opções mais recentes, como a vonoprazana, um inibidor de canal de potássio de início de ação rápido e efeito prolongado, cuja disponibilidade no Brasil ainda é restrita.
Mudanças no estilo de vida e uso racional
Especialistas destacam que ajustes nos hábitos cotidianos podem reduzir a necessidade de manter o medicamento. O oncologista Raphael Brandão enfatiza medidas como perda de peso, evitar deitar logo após as refeições, reduzir o consumo de álcool, ultraprocessados e chocolate, além de elevar a cabeceira da cama para controlar o refluxo. Para os médicos, a meta não é banir o omeprazol, mas restabelecer seu uso racional e supervisionado. Trata-se de um avanço na medicina que exige acompanhamento e tempo.








