O Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou recomendações para a cirurgia bariátrica, resultando em um crescimento de 42% nos procedimentos realizados no Brasil nos últimos quatro anos. Apesar desse aumento, apenas 10% das cirurgias bariátricas são realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De um total de mais de 290 mil procedimentos, a maioria foi realizada por planos de saúde ou de forma particular.
Mudanças nas diretrizes
Antes das alterações, a bariátrica era indicada para indivíduos com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35. Com as novas diretrizes, esse limite foi reduzido para IMC acima de 30, e adolescentes também podem agora ser considerados para o procedimento.
Desafios no SUS
As filas de espera no SUS tornam o acesso a essa cirurgia uma realidade distante para muitos pacientes com condições graves de saúde. Existem hospitais públicos com esperas que variam de cinco a nove anos. No Rio de Janeiro, a espera média é atualmente de 403 dias, enquanto em São Paulo o tempo de espera pode chegar a dois anos, levando em conta a necessidade de acompanhamento clínico prévio.
Demanda crescente e escassez de recursos
O Ministério da Saúde não possui dados precisos sobre o tamanho da fila de espera para a cirurgia bariátrica no SUS, mas está trabalhando para mapear essa demanda nos próximos anos. Atualmente, a regulação é feita com base na ordem cronológica, priorizando pacientes mais velhos, o que levanta preocupações sobre a gravidade das condições de saúde daqueles que aguardam.
Avaliação das novas diretrizes
Profissionais da saúde, como a presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, Cintia Cercato, destacam que a ampliação do público para incluir indivíduos com IMC entre 30 e 35 é significativa para aqueles cuja obesidade causa complicações severas à saúde. O perfil dominante entre os pacientes busca cirurgia inclui mulheres de 35 a 40 anos, muitas com histórico familiar de obesidade.
Tratamentos farmacológicos e bariátrica
Atualmente, o SUS não disponibiliza tratamentos medicamentosos para a obesidade, o que limita o acesso a remédios como Ozempic e Mounjaro, que auxiliam no controle de peso. Estudos indicam que a perda de peso com esses medicamentos pode ser comparável aos resultados da cirurgia bariátrica. Contudo, para muitos pacientes com condições graves, a cirurgia ainda é considerada a opção mais eficaz.
Prevenção: uma abordagem essencial
Os especialistas enfatizam a importância de medidas preventivas contra a obesidade, como reeducação alimentar e promoção de atividades físicas desde a infância. Dados de 2023 mostram que 24,3% dos adultos brasileiros têm obesidade, um aumento significativo em relação a 2006.
Cuidar da saúde e investir em prevenção é fundamental para enfrentar o aumento dos casos de obesidade no Brasil e proporcionar um futuro mais saudável para as próximas gerações.