Pesquisadores brasileiros, em uma colaboração multidisciplinar, desenvolveram a primeira caneta de adrenalina autoinjetável do Brasil, um dispositivo crucial para o tratamento de reações alérgicas graves conhecidas como anafilaxia. Este dispositivo permite que o próprio paciente administre a medicação de forma rápida e eficaz em situações emergenciais.
Atualmente, a adrenalina é a única medicação disponível para o tratamento de anafilaxia no Brasil. A venda do modelo autoinjetável é limitada à importação, resultando em altos custos. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), o preço da caneta no exterior pode variar de US$ 100 a US$ 700, dependendo da cobertura de seguro de saúde, além de que a importação direta, no Brasil, pode custar entre R$ 3 mil e R$ 4 mil, tornando difícil o acesso para a maioria da população.
O médico Renato Rozental, coordenador do projeto na Fiocruz, observa que, embora o protótipo represente um avanço para o Brasil, não é um conceito inovador em nível global. Ele enfatiza a necessidade de compreensão por que o desenvolvimento desse dispositivo leva tanto tempo. Desde 2018, com a liberação do monopólio, o acesso a versões genéricas da caneta no exterior tem ajudado a reduzir os preços, mas o custo ainda é considerado proibitivo.
No recente contexto regulatório, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) firmou um acordo bilaterais com a FDA, visando agilizar a aprovação de medicamentos já disponíveis nos EUA. Rozental menciona que, se as reuniões com a Anvisa avançarem, a caneta poderá estar pronta para distribuição no Brasil dentro de um ano.
Fábio Chigres, presidente da Asbai, alerta sobre o aumento significativo no número de casos de alergias no país, incluindo anafilaxia. Ele relata que em três décadas a incidência de alergias alimentares, como a ao leite de vaca, aumentou drasticamente, impossibilitando o acesso a tratamento adequado.
Entre as crianças, alimentos como leite e ovo são as principais causas de alergia, enquanto os adultos frequentemente enfrentam reações a medicamentos. A anafilaxia, por sua vez, pode ser uma resposta adversa grave, resultando em choque anafilático e comprometendo a circulação sanguínea. A adrenalina é capaz de reverter os sintomas dessa reação em questão de minutos, permitindo que a pessoa busque atendimento médico subsequente.
A expectativa é que a caneta de adrenalina autoinjetável desenvolvida por pesquisadores brasileiros chegue ao mercado com um preço aproximado de R$ 400, oferecendo uma alternativa acessível para o tratamento de anafilaxia em comparação com as opções de importação atualmente disponíveis.