O transtorno do espectro autista (TEA) pode se manifestar de diferentes formas. Algumas pessoas apresentam sintomas mais leves que suavizam ao longo do tempo, enquanto outras enfrentam desafios severos na comunicação, cognição e habilidades sociais. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que essas variações podem estar ligadas a um crescimento excessivo do cérebro nas primeiras semanas de gestação.
Para o estudo, foram criados em laboratório organoides corticais, ou “microcérebros”, a partir de células-tronco coletadas de 16 crianças, sendo 10 com TEA e 6 neurotípicas. Essas células foram reprogramadas para simular o córtex cerebral em desenvolvimento, permitindo observar seu crescimento.
Os resultados indicaram que os microcérebros de crianças com autismo apresentaram um crescimento em torno de 40% maior do que os derivados de crianças neurotípicas. Além disso, esse crescimento foi mais acentuado nos casos de autismo severo, enquanto crianças com sintomas mais leves apresentaram um crescimento cerebral menos expressivo.
Segundo Eric Courchesne, autor do estudo, quanto maior o crescimento do microcérebro embrionário, mais intensos os sintomas de TEA nas crianças. Uma das causas associadas ao crescimento descontrolado do cérebro foi a redução da proteína NDEL1, que regula o desenvolvimento cerebral no embrião. A pesquisa apontou que níveis mais baixos dessa proteína estavam presentes nos organoides de crianças com autismo, favorecendo o crescimento acelerado.
A descoberta oferece novas perspectivas para compreender as origens do autismo e abre caminho para futuras investigações sobre tratamentos que possam modular o crescimento cerebral ainda nas fases iniciais do desenvolvimento.