Andar descalço em casa é uma prática comum em várias culturas, mas traz consigo uma série de benefícios e riscos. Especialistas na área da ortopedia analisam essa questão, oferecendo uma visão equilibrada sobre os impactos dessa escolha no bem-estar.
O ortopedista Alexandre Leme Godoy dos Santos, agente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO), aponta que andar descalço pode ser vantajoso ao proporcionar estímulos sensoriais que provocam sensações de relaxamento e conforto. Além disso, essa prática ajuda a fortalecer a musculatura intrínseca dos pés, contribuindo para melhorias no equilíbrio e na saúde geral dos membros inferiores. “Esses estímulos são benéficos, desde que praticados com moderação”, observou.
No entanto, Alexandre Leme também adverte sobre os perigos de permanecer descalço por longos períodos. O uso excessivo dessa prática pode resultar em dores devido a pontos de sobrecarga na planta dos pés, além de aumentar o risco de traumas, como esbarrões e quedas. O ortopedista Rogério Bitar, igualmente membro da SBTO, acrescenta que as probabilidades de lesões são relevantes. “Fraturas nos dedos e entorses de tornozelo são comuns em pessoas que andam descalças, especialmente em casas com crianças”, alerta.
Embora o calçado ofereça uma camada extra de proteção, os especialistas ressaltam a importância de encontrar um equilíbrio entre conforto e segurança, principalmente em ambientes potencialmente perigosos. Rogério salienta que as dificuldades em mudar hábitos podem influenciar na decisão de continuar descalço, mas é crucial estar ciente dos riscos.
De acordo com o ortopedista Rogério, o pé é uma estrutura complexa, composta por ossos, tendões, ligamentos e músculos. O uso contínuo de calçados pode levar à atrofia ou subutilização dessa musculatura, resultando em problemas como fascite plantar, uma condição que provoca dor na planta do pé. Atualmente, há um foco crescente na recuperação e fortalecimento dessa musculatura, com ênfase em exercícios colaborativos com fisioterapeutas. Portanto, andar descalço de maneira consciente pode ser uma estratégia válida para manter a saúde dos pés.
Quem deve evitar andar descalço?
Alexandre destaca que indivíduos com neuropatias periféricas, que comprometem a sensibilidade e a harmonia dos pés, devem ter cautela ao optar por andar descalços. “Essas pessoas apresentam maior risco de lesões, por isso é aconselhável o uso de calçados protetores”, alerta o especialista. Além disso, pacientes com diabetes e neuropatia diabética, que já enfrentam perda de sensibilidade nos pés, também devem evitar essa prática. “A falta de percepção pode resultar em feridas que evoluem para úlceras e infecções”, conclui Rogério.
Os idosos também são um grupo que deve refletir sobre a conveniência de andar descalço. Os especialistas recomendam o uso de sapatos confortáveis e com solado antiderrapante, garantindo assim maior segurança nas locomções e evitando quedas e traumas.