Nesta quinta-feira (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, a Fundação do Câncer lança uma forte campanha contra os cigarros eletrônicos, sob o lema “Movimento VapeOFF”. O objetivo é conscientizar a população, especialmente os jovens, sobre os perigos do uso desses dispositivos, também conhecidos como vape ou pod. A campanha, em parceria com a Anup Social e a Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), busca mobilizar tanto jovens quanto adultos para combater o crescente uso desses produtos.
A campanha inclui a distribuição de materiais informativos, como videoaulas enviadas a professores de ensino médio e universitário, e depoimentos de personalidades, incluindo artistas, autoridades de saúde e influenciadores. Empresas como Ecoponte e Onbus também contribuirão, veiculando as mensagens da campanha em suas plataformas.
Cristiane Martins do Canto, gerente de Promoção da Igualdade de Gênero e organizadora do evento, destaca que a ação visa facilitar o acesso a informações e serviços de saúde sobre os malefícios dos cigarros eletrônicos, com foco em jovens que podem não ter acesso a esses recursos no dia a dia. Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, enfatiza que o objetivo é educar a população, especialmente dentro das escolas e universidades, sobre os riscos dos cigarros eletrônicos.
O epidemiologista Alfredo Scaff observa que, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o uso de cigarros eletrônicos aumentou 600% globalmente nos últimos seis anos. No Brasil, mais de 1 milhão de pessoas já experimentaram esses dispositivos, apesar da proibição da Anvisa desde 2009. A maioria dos usuários é composta por adolescentes e jovens adultos.
A Fundação do Câncer também está lançando um kit digital antivape, com recursos como videoaulas, cartazes e posts para redes sociais, distribuído para escolas e universidades em todo o país. O material está disponível no site do Movimento VapeOFF e pode ser acessado por qualquer instituição de ensino.
Além disso, a Fundação do Câncer divulga a sexta edição da pesquisa Info.Oncollect, que revela um aumento na mortalidade por câncer de pulmão entre mulheres, em contraste com a redução entre homens. A pesquisa também indica que mais de 20% dos jovens já experimentaram o vape, e que os cigarros eletrônicos podem causar doenças mais precoces comparadas aos cigarros tradicionais.
A ACT Promoção da Saúde também apoia a campanha e critica a possível legalização de cigarros eletrônicos e o uso de aditivos aromatizantes. A coordenação da ACT defende a manutenção da proibição da Anvisa e rejeita o Projeto de Lei 5.008, de 2023, que pretende liberar esses produtos.
A Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (Sopterj) também se opõe à legalização dos cigarros eletrônicos, destacando os riscos de reações alérgicas e doenças respiratórias. Alessandra Costa, coordenadora da Sopterj, destaca que o tabagismo jovem pode aumentar a probabilidade de se tornar fumante de cigarro convencional.
Finalmente, o estudo sobre Evali, uma condição pulmonar associada ao uso de cigarros eletrônicos, revela que esses dispositivos podem causar inflamações pulmonares graves. A médica Alessandra Costa enfatiza a necessidade de campanhas educativas contínuas para alertar sobre os perigos dos cigarros eletrônicos e garantir que as informações sobre os riscos do tabagismo sejam discutidas amplamente nas escolas.