Uma equipe de investigadores da Escócia está desenvolvendo um ensaio clínico do primeiro tratamento não hormonal e não invasivo para a endometriose, doença ginecológica crônica que afeta entre 10 e 15% das mulheres em idade reprodutiva. Se aprovado, será o primeiro novo medicamento para a doença em 40 anos.
Neste mês, a endometriose ganha destaque em razão da campanha “Março Amarelo”, voltada para a conscientização da doença, que ocorre quando a mucosa que reveste a parede interna do útero, chamada endométrio, cresce em outras regiões do corpo.
Ao recolher amostras durante o diagnóstico, os pesquisadores descobriram que as pacientes apresentavam níveis elevados de uma substância química chamada lactato, levando-os a acreditar que esses níveis altos podem ser a causa para o desenvolvimento das lesões da endometriose. Então, procuraram um medicamento no mercado que já tivesse sido testado em doentes com câncer: o Dicloroacetato (DCA).
Numa primeira fase, testaram um pequeno grupo de doentes com o medicamento, e os relatos foram de melhorias após o tratamento. Agora, será feito um ensaio clínico com uma amostra de maior de pessoas, para saber se o DCA tem efetivamente os resultados esperados.
“Se for aprovado, esse medicamento desponta como uma esperança para muitas mulheres que sofrem de endometriose, que causa cólicas fortes e progressivas e dores durante a relação sexual”, destacou a médica ginecologista Thaissa Tinoco.
Segundo a médica, o diagnóstico tardio é outro fator que dificulta o tratamento da doença. “Pode demorar cerca de dez anos para ser diagnosticada. Isso se dá, muitas vezes, devido àquela tendência de normalizarem a dor. A falta de tratamento adequado pode levar a problemas mais graves, como infertilidade e outras complicações”, alertou Thaissa Tinoco.
A ginecologista orienta que é importante estar com exames em dia e também fazer consultas regulares ao ginecologista. “A suspeita sempre começa pelo ginecologista, a partir das queixas relatadas pelas pacientes. Dor não é coisa de mulher. Por isso, é fundamental não negligenciar os sintomas”.
Atividade física ajuda a reduzir as dores de endometriose, revela estudo
Um estudo realizado por médicos da Universidade do Cairo, no Egito, e da Universidade Beirut Arab, no Líbano, revelou que a prática de atividades físicas é uma aliada para reduzir os desconfortos provocados pela endometriose.
No estudo, participaram 20 mulheres com idades entre 26 e 32 anos que tinham endometriose. Elas realizaram exercícios de força três vezes por semana, mobilidade do quadril, alongamento e respiração. Após quatro semanas e, em seguida, oito semanas, os pesquisadores observaram que as pacientes apresentaram melhora na dor, além de alterações posturais da pelve e do quadril causadas pela doença.
“A atividade física é um pilar fundamental para que o tratamento da endometriose seja bem-sucedido. Além de contribuir para reduzir as dores, ameniza outros sintomas da doença, como fadiga, ansiedade e distúrbios do sono. E de modo geral, a prática de exercícios ajuda a prevenir outras doenças graves, como câncer e problemas cardiovasculares”, explicou a médica ginecologista Thaissa Tinoco, que atua no tratamento da endometriose.