Uma espécie totalmente nova de bromélia, com coloração vinho intensa e formas elegantes, foi descoberta por pesquisadores no município de Nova Venécia, no noroeste do Espírito Santo. Batizada cientificamente de Stigmatodon vinosus, a planta ganhou o apelido poético de “dama-escarlate” — um nome inspirado em seu aspecto delicado, que lembra um vestido espartilhado e vermelho.
Uma descoberta em inselberg
A bromélia foi encontrada em um inselberg, que é uma formação rochosa isolada, por uma equipe liderada por Vitor Manhães e Dayvid Couto, do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), em parceria com Elton Leme, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Esses afloramentos rochosos são verdadeiros refúgios de biodiversidade, muitas vezes negligenciados por estarem fora de unidades de proteção formal.
Características marcantes da planta
Durante a floração, os cientistas observaram traços bastante distintos em relação a outras espécies do gênero Stigmatodon:
- Porte relativamente grande;
- Brácteas florais (estruturas próximas à flor) e sépalas com tonalidade vinho profundo, que deram nome ao epiteto “vinosus”.
- As folhas formam uma roseta que lembra um vestido, enquanto a inflorescência tem um formato que remete a um espartilho — razão para o nome popular “dama-escarlate”.
Perigo de extinção
A boa notícia da descoberta vem acompanhada de um alerta grave: a Stigmatodon vinosus já foi classificada como Criticamente em Perigo (CR) segundo os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Um dos motivos é sua distribuição extremamente restrita — até agora, só foi encontrada naquele único inselberg. Além disso, o local sofre pressão humana: a área não está dentro de uma unidade de conservação, e há atividades de mineração (extração de pedras ornamentais) nas proximidades, o que pode pôr em risco a existência da planta.
Esforços para conservar
Diante desse cenário preocupante, a equipe de pesquisadores já está planejando ações para preservar a espécie e seu habitat:
- Monitoramento contínuo: novas expedições para mapear outras plantas no local e acompanhar a população da dama-escarlate.
- Inventários botânicos: para gerar dados robustos que possam embasar políticas públicas de conservação.
- Sensibilização ambiental: pressionar por medidas que limitem a extração de pedras ou por algum tipo de proteção legal ao inselberg.
Importância da descoberta
A identificação de Stigmatodon vinosus reforça a importância dos inselbergs como hotspots de biodiversidade. Essas rochas isoladas abrigam espécies endêmicas (presentes apenas ali) e muitas vezes pouco estudadas, o que as torna cruciais para a conservação da flora no Espírito Santo.
Além disso, a descoberta destaca a urgência de incluir esses ambientes em estratégias de preservação, especialmente quando há risco elevado de destruição por atividades humanas.









