5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

O mundo está cansado das pautas de esquerda?

O mundo estaria se cansando das propostas progressistas? Da Europa às Américas, a insegurança, o desgaste econômico, o receio diante da imigração descontrolada e a perda de confiança nos partidos tradicionais têm criado um terreno fértil para respostas mais conservadoras.

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Nos últimos meses, várias cidades europeias registraram episódios de tensão relacionados à imigração e críticas a administrações ligadas à centro‑esquerda e à esquerda progressista. Em Londres, segundo a mídia local, mais de 100 mil pessoas participaram em setembro de um protesto contra a imigração ilegal. Manifestações semelhantes ocorreram em outras regiões do Reino Unido; o país, atualmente governado pelo Partido Trabalhista, viu milhares de pessoas se manifestarem, contrariadas com a crescente pressão migratória.

Na Holanda, multidões também foram às ruas em diferentes municípios exigindo mudanças nas políticas de migração. Mobilizações com pauta parecida foram observadas na Alemanha, na Austrália e no Japão.

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América Latina desperta

Se a imigração descontrolada domina o debate europeu, na América Latina o reavivamento político tem sido impulsionado pela sensação crescente de insegurança e pelo desgaste de governos de esquerda diante do avanço do crime organizado.

No México, protestos recentes indicam um possível ponto de saturação. Na semana passada, aproximadamente 17 mil pessoas, entre jovens e adultos, ocuparam as ruas da Cidade do México para reclamar da violência, da corrupção e da incapacidade do governo socialista de Claudia Sheinbaum em conter o poder dos cartéis. Os confrontos deixaram 120 feridos, 19 detidos, e surgiram pedidos públicos pela renúncia da presidente de esquerda. A morte do prefeito Carlos Manzo, apelidado de “Bukele do México”, foi um dos estopins da mobilização.

As imagens de confrontos e de barricadas derrubadas mostram um país que já não acredita nas promessas de segurança vindas da esquerda e que pressiona por medidas mais duras, movimento que pode fortalecer legendas de centro‑direita, da direita e figuras que defendem uma agenda de ordem.

Mais ao sul, nações como Bolívia, Chile, Argentina e Equador têm registrado uma virada à direita. Na Bolívia, dois candidatos conservadores disputaram o segundo turno presidencial, resultando na vitória de Rodrigo Paz, identificado com o centro‑direita: ele foi eleito com 55% dos votos e denunciou a má gestão econômica herdada dos governos socialistas do MAS ao assumir o cargo.

Na Argentina, Javier Milei consolidou sua influência política com um desempenho expressivo nas legislativas. O partido La Libertad Avanza obteve 40,6% dos votos, venceu em 15 das 24 províncias e conquistou 64 cadeiras na Câmara dos Deputados, igualando o melhor desempenho legislativo desde 1983.

No Chile também se observa uma mudança de rumos: candidatos de direita somaram mais de 50% dos votos no primeiro turno presidencial. José Antonio Kast desponta como favorito para o segundo turno, respaldado por praticamente todos os demais partidos de direita que, juntos, já superam a maioria do eleitorado. A comunista Jeannette Jara aparece atrás nas projeções publicadas pela imprensa chilena. Além disso, a direita ampliou sua representação no Parlamento.

No Equador, embora não haja eleições nacionais em curso, o governo de Daniel Noboa, de centro‑direita, tem implementado medidas de maior rigor na segurança e intensificado a cooperação com os Estados Unidos em inteligência e no combate ao narcotráfico, reforçando a tendência regional de endurecimento.

No Paraguai, a administração de Santiago Peña, de direita, adotou uma postura de segurança mais dura, ampliou a cooperação com os Estados Unidos e intensificou operações contra o crime organizado na fronteira com o Brasil.

Direita se consolidando nos EUA?

Nos Estados Unidos, o desgaste de pautas progressistas também aparece no debate político. Pesquisa recente do Washington Post em parceria com o instituto Ipsos apontou que os republicanos são vistos como mais aptos a lidar com crime, imigração e economia, justamente os três temas que mais inquietam os americanos.

De acordo com o levantamento, 44% dos entrevistados confiam mais no Partido Republicano para enfrentar a criminalidade, contra 22% que preferem a abordagem democrata. Na questão migratória, 42% apoiam a agenda conservadora, enquanto 29% se inclinam pelos democratas. Na economia, a vantagem republicana se mantém, alimentada principalmente pelo voto de eleitores independentes.

Esse cenário se desenrola enquanto o governo do presidente Donald Trump intensifica ações federais nas áreas de segurança e migração. Em Washington, a prefeita democrata Muriel Bowser afirmou que os crimes violentos caíram 45% nas primeiras semanas após Trump enviar a Guarda Nacional para “libertar” a capital americana do crime.

Fenômeno global

Para James Jay Carafano, especialista em segurança nacional, a ascensão da direita em diversos países reflete uma saturação global com políticas progressistas que, segundo ele, “deixaram de oferecer respostas práticas para problemas reais”. Em análise publicada no site 19FortyFive, ele destaca que movimentos conservadores cresceram ao colocar no centro do debate temas como segurança, economia, soberania e proteção de fronteiras — questões que, na visão de parte do eleitorado, foram negligenciadas por governos de esquerda.

Carafano ressalta ainda que a combinação da frustração com o aumento da criminalidade, a rejeição a políticas migratórias permissivas e o desgaste de agendas progressistas ambientais e culturais tem produzido um movimento conservador global mais coeso do que em ciclos anteriores.

“O ressurgimento de uma visão de mundo conservadora surgiu porque ela está entregando a promessa de uma alternativa credível para uma vida melhor”, escreveu ele. “O consenso progressista está se apagando, como um celular que cai para 1% de bateria”, acrescentou.

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