O Sindicato dos Trabalhadores em Hospitais e Empresas de Saúde Privadas no Estado do Espírito Santo (Sintrasades), conhecido por extensas filas de trabalhadores que buscam entregar cartas de oposição ao desconto da contribuição assistencial, entra em novo processo eleitoral. Com cerca de 30 mil profissionais representados no Espírito Santo, a entidade volta ao centro de discussões por supostos impedimentos ao registro de chapa de oposição e baixa participação nas votações.
Na eleição anterior, apenas 288 associados participaram, dos quais 169 votos foram favoráveis à direção atual. Em meio a esse universo reduzido, permanece o questionamento: a situação de falta de representatividade e barreiras ao exercício democrático se repetirá neste ano?
A condução do processo eleitoral tem recebido críticas severas de lideranças sindicais estaduais. Segundo relatos, há décadas a gestão é mantida pela mesma figura, Marco Antônio Pereira, que, desde 1990, preside o sindicato e enfrenta acusações de desrespeito às regras estatutárias. Entre as práticas denunciadas estão a criação de regras restritivas que dificultam novas candidaturas, além de ações como a inclusão de eleitores não associados à categoria, potencializando questionamentos à legitimidade do pleito.
Integrantes da oposição também se manifestaram quanto às dificuldades enfrentadas. Alassi Caetano, representante da Chapa Renovação, destaca:
Wallace Caetano, representante da Chapa Renovação, que é oposição ao presidente atual do Sintrasades, relatou que a indignação vem a partir do momento que descobriram que uma categoria que existe, em média, 30 mil profissionais, só existem 288 sócios.
“Na eleição passada apenas 186 votos foram computados, e esses 186 votos não, nunca vão representar a categoria. Nós tentamos fazer o registro da nossa chapa para fazer oposição a eles e fomos rejeitados, fomos ignorados pela atual presidência do sindicato. Fomos recebidos pelo advogado Diego Nunes, onde ele foi extremamente ignorante, extremamente repressivo. Repudiante com a nossa apresentação de candidatura, ele atropelou todas as regras do estatuto do sindicato e hoje nós estamos indo para cima, nós queremos fazer uma renovação, nós queremos algo diferente e é nisso que nós vamos trabalhar. Nós vamos sim representar os trabalhadores da área de saúde agora com transparência e dar dignidade aos nossos trabalhadores.”
O contexto das dificuldades e da insatisfação é reforçado por outros líderes sindicais. Clemilde Cortes, presidente da Central Única dos Trabalhadores do Espírito Santo (CUT-ES), pontua:
“Eu acho fundamental que essa chapa seja escrita, que ela seja registrada, porque essa entidade, esse sindicato com essa pessoa que se perpetua lá, é a vergonha do movimento sindical. Porque todo ano tem problema com as filas e eles não atendem os trabalhadores. Eles não dão direito aos trabalhadores a entregar as cartas. Mesmo que a gente queira que o pessoal participe do sindicato, mas não pode ser obrigatório.”
O presidente Marcus Antônio Pereira do sindicato foi procurado pela reportagem através do advogado da entidade, Diego Nunes, mas, até o momento, não se manifestou. A matéria será atualizada assim que tivermos mais informações.
