A presidente da Comissão Europeia ressaltou a necessidade de ampliar a diversidade de parceiros comerciais, sem deixar de reconhecer a relevância das relações com os Estados Unidos.
A líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta quarta-feira (10.set.2025) que diversificar os parceiros comerciais é essencial para aumentar a autonomia da Europa. A declaração integrou seu discurso sobre o Estado da UE no Parlamento Europeu.
Segundo a presidente, é preciso aproveitar novas oportunidades e, diante do enfraquecimento do sistema comercial global, assegurar regras comerciais por meio de acordos bilaterais, citando como exemplos os entendimentos com o México, com o Mercosul e os acordos previstos com a Índia até o fim do ano.
Em 3 de setembro, a Comissão Europeia apresentou propostas para concluir o Acordo de Parceria UE-Mercosul e o Acordo Global Modernizado UE-México. Os textos têm como objetivo formar a maior zona de livre comércio do planeta e ampliar a diversificação das trocas comerciais do bloco com a América Latina.
A maior resistência às propostas vem da França, que busca proteger seu setor agropecuário e exige padrões ambientais mais rigorosos dos países sul-americanos. Para resguardar os produtores europeus, o acordo estabelece cotas de importação preferencial do Mercosul: 1,5% da produção de carne bovina e 1,3% da produção de aves.
No pronunciamento de quarta-feira (10.set), von der Leyen procurou tranquilizar os agricultores europeus, afirmando que o trabalho rural não vinha sendo adequadamente recompensado e defendendo o direito dos produtores a preços e margens justas para sustentar suas famílias.
COMÉRCIO COM OS EUA
A presidente destacou que o comércio global permite ao bloco reforçar suas cadeias de abastecimento, abrir novos mercados e reduzir dependências, além de contribuir para a segurança econômica. Observou que o mundo escolhe a Europa e que o bloco precisa manter relações comerciais amplas.
Von der Leyen lembrou que cerca de 80% do comércio do bloco é com países que não sejam os Estados Unidos, mas reconheceu que a relação com os EUA continua sendo a mais significativa para a União Europeia.
Em julho, a UE acertou com o presidente Donald Trump (Partido Republicano) a aplicação de uma tarifa de 15% em troca de investimentos de US$ 750 bilhões em energia dos EUA, acordo que recebeu críticas por ser considerado excessivamente vantajoso para os americanos.
A líder europeia admitiu ter ouvido muitas reações iniciais ao acordo e explicou que, por isso, quis deixar claro que a relação comercial com os EUA é a mais importante, destacando que o bloco exporta cerca de €500 bilhões por ano e que milhões de empregos dependem desse fluxo.
Von der Leyen disse ainda que, apesar do acordo, concebido para manter o mercado norte-americano acessível às indústrias europeias, as normas digitais e ambientais da União Europeia não foram objeto de negociação, e sublinhou que a Europa continuará a decidir por si mesma.
Ao afirmar que a Comissão obteve o “melhor acordo” possível com os EUA, a presidente pediu aos presentes no plenário que considerassem as consequências de um conflito comercial total entre aliados norte-americanos.
Ela solicitou que essa imagem fosse colocada ao lado das cenas vistas na China na semana anterior, quando o país apareceu ao lado dos líderes da Rússia e da Coreia do Norte, e mencionou que Putin comemorou o nível sem precedentes das relações com a China, tudo isso como reflexo de um ambiente em transformação.
DISCURSO SOBRE O ESTADO DA UE
Os debates sobre o Estado da UE ocorreram durante a primeira sessão plenária do Parlamento, em setembro, após o recesso de verão, quando os eurodeputados avaliaram o trabalho da Comissão em temas centrais e levantaram questões que inquietam os cidadãos europeus.
Trata-se do primeiro discurso sobre o Estado da UE proferido por Ursula von der Leyen desde sua reeleição à presidência da Comissão, em julho de 2024, e desde a aprovação de sua nova equipe pelo Parlamento, em novembro de 2024.
No pronunciamento foram abordados o aumento do apoio militar e financeiro à Ucrânia, a necessidade de utilizar ativos russos para a reconstrução do país e a aplicação de sanções a Putin. Também houve ênfase na necessidade de elevar investimentos em defesa na União Europeia.
Em anúncio sem precedentes, a presidente informou que proporá a suspensão do acordo comercial com Israel e a imposição de sanções a “ministros extremistas e colonos violentos” do país, como retaliação à guerra em Gaza.








