27 de junho de 2025
sexta-feira, 27 de junho de 2025

Jair Bolsonaro no STF: depoimento sobre trama golpista e reflexões sobre o pós-eleição

Nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito das investigações sobre a trama golpista que teria sido planejada após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 2022. Em duas horas e sete minutos de interrogatório, Bolsonaro respondeu a perguntas de ministros e advogados, negando ter discutido planos para um golpe de Estado, embora tenha admitido reuniões com chefes das Forças Armadas para tratar de “alternativas” dentro da Constituição.

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Discussões com militares e abandono de alternativas

Bolsonaro afirmou que as conversas com os chefes das Forças Armadas tiveram como foco possibilidades constitucionais. Ele mencionou o cuidado jurídico necessário para evitar qualquer ação fora das “quatro linhas” da Constituição. “Conforme falou o general Freire Gomes, talvez foi nessa reunião, nós estudamos possibilidades outras dentro da Constituição, ou seja, jamais saindo das quatro linhas. Como o próprio comandante [Freire Gomes] falou, tinha que ter muito cuidado com a questão jurídica porque não podíamos fazer nada fora disso,” disse o ex-presidente.

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O ex-presidente também admitiu que abandonou essas alternativas rapidamente após algumas reuniões. “Em poucas reuniões, abandonamos qualquer possibilidade de uma ação constitucional. Abandonamos e enfrentamos o ocaso do nosso governo”, acrescentou.

Multa do TSE e impacto político

Bolsonaro justificou as reuniões realizadas com os militares como uma reação à multa de R$ 22 milhões aplicada ao Partido Liberal pelo ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, a decisão foi tomada após o partido questionar possíveis vulnerabilidades no sistema eleitoral. “Essas reuniões que ocorreram foram em grande parte em função da decisão do TSE. Quando peticionamos sobre possíveis vulnerabilidades, no dia seguinte não foi acolhido e nos surpreendeu uma multa de R$ 22 milhões. Decidimos então encerrar com o TSE qualquer discussão sobre resultado das eleições”, afirmou.

Negativa de ataque às urnas eletrônicas

Bolsonaro rejeitou as acusações de que teria atacado as urnas eletrônicas com o objetivo de promover um golpe de Estado após sua derrota nas eleições. O ex-presidente destacou que suas críticas ao sistema eleitoral remontam a 2012 e foram sempre no contexto de sua retórica política. Ele declarou: “Vossa excelência e o ministro [Luiz] Fux não me viram agir contra a Constituição. Eu agi dentro das quatro linhas o tempo todo. Às vezes eu me revoltava, falava palavrão, mas fiz aquilo que devia ser feito.”

Ações dentro das “quatro linhas” e simbolismo da Constituição

O depoimento começou às 14h33, momento em que Bolsonaro levou consigo um exemplar da Constituição, utilizando-o como símbolo para reforçar suas alegações de que sempre agiu dentro dos limites democráticos. Ele repetiu várias vezes que todas as alternativas estudadas respeitavam o ordenamento jurídico brasileiro.

Momentos marcantes do interrogatório

Além das explicações formais, o depoimento de Bolsonaro teve diversos momentos emblemáticos que ilustraram sua posição e reflexões:

– “A maior vaia da história”: O ex-presidente explicou que não esteve na posse de Lula porque acreditava que seria recebido com vaias históricas, aceitando a derrota das eleições com seus aliados.
– Críticas aos apoiadores golpistas: Classificou os apoiadores que montaram acampamentos pedindo intervenção militar como “malucos” e afirmou que os líderes militares jamais embarcariam em ideias inconstitucionais.
– Campanha de arrecadação via Pix: Destacou que arrecadou R$ 18 milhões em doações, afirmando que o valor foi essencial para sustentar sua defesa e apoiar familiares, superando campanhas como o Criança Esperança.
– Brincadeira com Moraes: Em tom descontraído, fez uma brincadeira convidando o ministro Alexandre de Moraes para ser seu vice em uma eventual candidatura em 2026.
– Reflexões pós-eleitorais: Confessou ter enfrentado um vazio político após sua derrota nas eleições, observando que muitos aliados passaram a manter distância dele.

Leituras sobre críticas ao sistema eleitoral

Bolsonaro também citou declarações do ministro Flávio Dino e do presidente do PDT, Carlos Lupi, como forma de justificar que políticos de esquerda também criticaram o sistema eleitoral em momentos anteriores. Entretanto, as referências foram feitas sem contextualização.

Significado do depoimento

O depoimento de Jair Bolsonaro ao STF representou um momento de alta relevância política, destacando suas alegações de que sempre agiu em conformidade com a Constituição e suas reflexões sobre os desafios enfrentados após o fim de seu mandato. A audiência também trouxe à tona questões como o papel das Forças Armadas, a reação à multa do TSE e os conflitos políticos que marcaram o período pós-eleitoral. Com uma narrativa que mistura defesa, justificativas e momentos de descontração, Bolsonaro segue no centro das investigações relacionadas à trama golpista.

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