O juiz Lauro Coimbra, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES), deu uma sobrevida ao mandato do vereador de Vitória, Gilvan da Federal (PL). O magistrado pediu vistas ao processo de cassação do parlamentar, que já conta com cinco votos a favor da perda de mandato.
Nascido no Estado do Maranhão, Gilvan Aguiar Costa, ou Gilvan da Federal, foi eleito vereador de Vitória pelo Patriotas, com 1.560 votos. Já em 2022 o vereador deixou o Patriotas e filiou-se ao PL, mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, fora da janela de infidelidade ou sem qualquer motivo que justificasse a sua saída.
A direção do Patriotas exigiu na Justiça Eleitoral a condenação de Gilvan da Federal por infidelidade partidária. Cinco dos sete juízes que votam no processo manifestaram-se pela cassação do parlamentar.
Coube ao juiz eleitoral Lauro Coimbra suspender a votação por meio do pedido de vistas, que não tem prazo para ser avaliado. Gilvan foi eleito deputado federal nas últimas eleições com mais de 87 mil votos.
Na Câmara Municipal de Vitória, Gilvan colecionou polêmicas e processos por conta de falas preconceituosas contra mulheres, população LGBTQIA+ e religião de matriz africana.
Gilvan tem 46 anos, é graduado em Engenharia Agronômica e Direito. Trabalha como policial federal.
‘Deus fez o homem e a mulher. O resto é jacaré’
Em abril de 2022, Gilvan causou polêmica ao fazer uma fala preconceituosa contra a população LGBTQIA+. Em uma sessão ordinária, houve duas moções de aplauso na Câmara de Vitória. Uma das homenageadas era Deborah Sarará, mulher trans e ativista das causas LGBTQIA+. A moção foi em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Logo após a homenagem, Gilvan subiu na tribuna e fez um discurso de ódio. “Gostaria de perguntar à vereadora do PSOL, que fez uma moção de aplauso às mulheres, se a Deborah Sabará nasceu mulher. Pode ser outra coisa, mas mulher não é. Deus fez o homem e a mulher. O resto é jacaré, é invenção do mundo”, disparou.
‘Fizeram uma macumba aqui’
Outro ataque de Gilvan da Federal foi contra as religiões de matriz africana. Em novembro de 2021, a vereadora Karla Coser (PT) convocou representantes do movimento negro de Vitória para a sessão. Na ocasião, foram entoados cantos e outras tradições de matriz africana. Dias após a sessão, Gilvan subiu na tribuna com um detergente e uma esponja e fez um discurso de ódio. “O que houve na sessão solene, nem posso chamar assim, convocada pela vereadora do PT, é uma afronta a Deus. Praticamente fizeram uma macumba aqui”, atacou o vereador. Na sequência, Gilvan disparou contra a vereadora. “Vocês são satânicos. É meu dever combatê-los, combater os satanistas”.
‘Cala a sua boca’
Em março de 2022, no dia seguinte às comemorações do Dia Internacional da Mulher, Gilvan da Federal atacou a vereadora de Vitória, Camila Valadão (PSOL). Enquanto discursava, o vereador alegou que Valadão estava tentando o interromper. “Você não espera nada, você cala a sua boca aí. Está na minha fala. Cala a sua boca, cala a sua boca, cala a sua boca. Você está na minha fala. Cala a sua boca, fique quietinha”, atacou o vereador. Na sequência, o presidente da Câmara de Vitória pediu para que Gilvan seguisse a política dos “bons costumes”. No entanto, o vereador ignorou e voltou a atacar. “Eu não tenho política de bom costume com o PSOL. Não tenho.
‘Imprensa manipuladora, covarde e mentirosa’
Também em abril de 2021, poucos meses depois de ser empossado como vereador, Gilvan da Federal atacou a imprensa e os partidos de esquerda. “Continuarei confrontando quem defende assassinato de bebês, legalização das drogas, ideologia de gênero, promiscuidade, pornografia para nossas crianças e a imprensa manipuladora, covarde e mentirosa”, disse no púlpito da Câmara.