Na disputa pelo Oscar como representante do Brasil, O Agente Secreto estreou no circuito comercial dos Estados Unidos pela primeira vez na última quarta-feira, 26. Exibido até agora apenas em dois cinemas de Nova York, o longa nacional arrecadou 46 mil dólares (245,6 mil reais) no fim de semana de estreia e totalizou 70,6 mil dólares (376,9 mil reais) nos cinco primeiros dias em cartaz no país.
Mesmo com lançamento restrito, a obra se destacou pelas avaliações: dirigida por Kleber Mendonça Filho e aclamada em Cannes, o filme registra 99% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes, conta com 96% de avaliações favoráveis do público e tem apenas uma crítica negativa da mídia especializada. Além disso, a produção ambientada em Recife alcançou nota 91 no Metacritic, plataforma que compila críticas e funciona como termômetro da recepção do mercado.
Ingressar no circuito de cinemas dos EUA é um passo crucial para filmes que aspiram ao Oscar. Para obras internacionais, o principal desafio é atrair a atenção dos votantes e incentivá‑los a ver o filme. Nesse contexto, os prêmios de melhor direção e melhor ator conquistados em Cannes ajudam a aumentar o interesse pela produção. Além disso, grande parte dos membros do júri do Oscar e de outras premiações relevantes integra a indústria americana, o que torna as exibições e o desempenho no mercado dos EUA fatores centrais na campanha para a premiação.
Com Wagner Moura no papel principal, a trama acompanha Marcelo, um professor especializado em tecnologia que decide abandonar o passado e se muda de São Paulo para Recife em busca de um recomeço, tudo isso em 1977, durante a ditadura militar. Imersa numa atmosfera de mistério e segredos, a história mostra a chegada do personagem à capital pernambucana na semana de Carnaval. O feriado rapidamente se transforma numa sequência de eventos sombrios, levando Marcelo a desconfiar de que está sendo procurado e vigiado pelos vizinhos. De forma inesperada, ele acaba envolvido em uma armadilha no novo longa, já apontado por críticos como o “filme brasileiro do ano”.
A interpretação de Moura tem sido citada como um dos elementos mais elogiados pela crítica norte-americana. A revista The New Yorker definiu o desempenho do ator baiano como “estelar”, assinalando uma “determinação elegante, energia ponderada e uma calma sobrenatural diante do perigo mortal”. Já a Rolling Stone considerou sua vitória em Cannes merecida: “Seu trabalho aqui [em O Agente Secreto] sugere que há toda uma gama de nuances que ele vinha mantendo escondida; ao ver Moura adicionando tons de cinza a esse homem em fuga, adaptando-se à manipulação de linhas temporais e flashbacks de Filho e, em um momento, interpretando dois personagens simultaneamente, você sente que sua vitória como Melhor Ator em Cannes, na primavera passada, foi mais do que merecida”.
Quanto ao andamento da narrativa, The New Yorker considera O Agente Secreto o filme “mais bem-sucedido” de Kleber Mendonça Filho até agora, graças à recriação de Recife em 1977. A Rolling Stone destaca a quebra de expectativas proposta pelo longa: “Ele nos prepara para um thriller político ao estilo dos anos 70, completo com assassinos, intrigas corporativas, policiais corruptos e cadáveres misteriosos. No entanto, o filme logo adota uma abordagem eclética que incorpora de tudo, desde esquetes extravagantes de filmes de terror até reflexões sobre as alegrias de relembrar os antigos cinemas”.
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