A figura de Merlin, o famoso mago da lenda do Rei Arthur, tem fascinado pessoas ao longo dos séculos. Representado como um conselheiro sábio e portador de poderes sobrenaturais, ele se tornou um dos personagens mais icônicos da literatura medieval. Mas, afinal, Merlin realmente existiu ou é apenas uma criação literária?
As origens de Merlin podem ser exploradas nas tradições celtas, que talvez tenham inspirado sua figura. Historiadores indicam que ele pode ter se baseado em personagens reais, como Myrddin Wyllt, um bardo galês do século VI, e Lailoken, um profeta escocês, ambos associados à reclusão e à profecia. Essas figuras foram reinterpretadas por escritores medievais, como Geoffrey de Monmouth, que moldou o Merlin que conhecemos atualmente.
Segundo a historiadora Anne Lawrence-Mathers, Merlin pode ter sido influenciado por eruditos medievais com profundo conhecimento em astrologia e ciências naturais, contrastando com a imagem popular do mago com capa e chapéu pontudo.
Merlin na literatura
O século XII foi crucial para a definição do personagem, especialmente na obra Historia Regum Britanniae, de Geoffrey de Monmouth. Nela, Merlin assume papéis de profeta e conselheiro do rei Vortigern, além de arquitetar o nascimento de Arthur usando magia, garantindo que Uther Pendragon se unisse a Igraine.
Geoffrey também enfatiza as características proféticas de Merlin na obra Vita Merlini, aproximando-o de Myrddin Wyllt. Pesquisadores do Journal of Medieval History apontam que Geoffrey não apenas introduziu eventos fictícios, mas também utilizou Merlin para ressaltar temas políticos e simbólicos de sua época.
Merlin nas lendas arturianas
Nas narrativas sobre o Rei Arthur, Merlin desempenha um papel essencial. Ele guia Arthur desde antes de seu nascimento, ajuda na criação da Távola Redonda e reforça a imagem do rei como um governante justo, destinado a governar.
Merlin realmente existiu?
A maioria dos historiadores concorda que Merlin, como uma pessoa real, nunca existiu. Ele é visto como uma figura composta por mitos celtas, elementos históricos e necessidades narrativas.
Porém, a relevância simbólica de Merlin perdura, sendo reinterpretado em literatura, cinema e estudos acadêmicos ao longo dos séculos. Pesquisas recentes, como uma tese da Purdue University, analisam como a imagem de Merlin evoluiu desde Geoffrey até Thomas Malory, que popularizou o ciclo arturiano no século XV.
Embora Merlin não tenha existido de fato, o impacto de sua figura é indiscutível. Ele representa o arquétipo do sábio que orienta o herói, simboliza a interseção entre magia e conhecimento, e encarna o poder transformador da palavra e da imaginação.