O filme sobre o “pai” da bomba atômica ganhou sete estatuetas, incluindo na categoria de melhor filme, melhor diretor para Christopher Nolan, melhor ator para Cillian Murphy e melhor ator coadjuvante para Robert Downey Jr.
Em uma cerimônia com poucas surpresas, na qual a maior parte das apostas da crítica e do público se concretizaram, Pobres Criaturas também conquistou vários prêmios.
Uma das quatro estatuetas que o filme do grego Yorgos Lanthimos arrebatou foi graças a Emma Stone, que ganhou o prêmio de melhor atriz por interpretar a protagonista Bella Baxter.
O Oscar de Da’Vine Joy Randolph como melhor atriz coadjuvante foi o único de Os Rejeitados; e o de Billie Eislish, que recebeu o prêmio de melhor canção original por What Was I Made For?, foi o único Oscar do grande sucesso de bilheteria do ano, Barbie.
Assassinos da Lua das Flores voltou para casa sem nenhuma estatueta, apesar de ter recebido 10 indicações.
Confira abaixo a lista completa dos vencedores.
Os ganhadores
Melhor filme: Oppenheimer
Melhor diretor: Christopher Nolan – Oppenheimer
Melhor atriz: Emma Stone – Pobres Criaturas
Melhor ator: Cillian Murphy – Oppenheimer
Melhor atriz coadjuvante: Da’Vine Joy Randolph – Os Rejeitados
Melhor ator coadjuvante: Robert Downey Jr. – Oppenheimer
Melhor roteiro original: Anatomia de Uma Queda— Justin Triet, Arthur Harari
Melhor roteiro adaptado: American Fiction – Cord Jefferson
Melhor edição: Oppenheimer
Melhor filme estrangeiro: Zona de Interesse
Melhor animação: O Menino e a Garça
Melhor curta-metragem de animação: War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko – Dace Mullins, Brad Booker
Melhor maquiagem e penteados: Pobres Criaturas
Melhor design de produção: Pobres Criaturas
Melhor design de figurino: Pobres Criaturas
Melhores efeitos visuais: Godzilla Minus One
Melhor documentário: 20 Dias em Mariupol
Melhor documentário de curta-metragem: The Last Repair Shop
Melhor fotografia: Oppenheimer
Melhor curta-metragem: The Wonderful Story of Henry Sugar – Wes Anderson, Steven Rales
Melhor som: Zona de Interesse
Melhor trilha sonora original: Oppenheimer
Melhor canção original: What Was I Made For? – Barbie
Discursos
Emma Stone estava em choque quando subiu ao palco para receber o prêmio de melhor atriz após uma disputa acirrada com a estrela de Assassinos da Lua das Flores, Lily Gladstone.
“Juntos fizemos algo maior do que a soma de suas partes”, disse Stone sobre o filme Pobres Criaturas, no qual interpreta Bella Baxter.
“Me sinto profundamente honrada em compartilhar isso com cada uma das pessoas que colocaram seu amor e brilhantismo neste filme”, acrescentou, depois de reconhecer as indicações das demais indicadas, enquanto segurava o vestido nas costas.
“Não olhem, acho que rasgou enquanto Ryan Gosling cantava I’m Just Ken”, disse ela, fazendo referência à aplaudida performance do ator durante a cerimônia.
Em um gesto semelhante ao de Stone, Cillian Murphy reconheceu o trabalho de todos os indicados na categoria de melhor ator ao receber o Oscar por interpretar J. Robert Oppenheimer, o cientista-chefe do Projeto Manhattan.
“Vivemos em um mundo criado por Oppenheimer. Quero dedicar (o prêmio) àqueles que defendem a paz em todos os lugares”, declarou o ator, destacando ainda que se sente “orgulhosamente irlandês”.
Claramente emocionada, Da’Vine Joy Randolph foi a primeira da noite a subir ao palco para receber uma estatueta, exclamando:
“Deus é tão bom”, enquanto tentava segurar as lágrimas.
Ela agradeceu à mãe por inspirá-la a tentar atuar, em vez de cantar.
“Durante anos, pensei que queria ser diferente, mas percebi que precisava ser eu mesma”, disse.
Lembrou ainda que era a única negra da sua turma — e agradeceu a todas as mulheres que a ajudaram e inspiraram ao longo de sua carreira.
Robert Downey Jr., que brilhou durante toda a temporada de premiações por interpretar o antagonista de Oppenheimer, Lewis Strauss, também ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante.
Em primeiro lugar, ele agradeceu à sua “infância terrível” e à Academia, “nesta ordem”, e destacou que o trabalho do seu setor é poderoso e significativo.
Zona de Interesse conquistou a estatueta de melhor filme estrangeiro, desbancando A Sociedade da Neve, e também ganhou o prêmio de melhor som.
Seu diretor, Jonathan Glazer, recebeu a estatueta sob fortes aplausos.
“Nosso filme mostra que a desumanização nos leva ao pior, moldou nosso passado e nosso presente”, disse ele sobre o filme, que aborda o Holocausto sob um novo ponto de vista.
“Como podemos resistir a esta desumanização? Sejam as vítimas do 7 de outubro em Israel ou dos ataques que estão sendo realizados em Gaza”, acrescentou.
Ele discursou enquanto centenas de manifestantes, reunidos nos arredores do Dolby Theatre, em Los Angeles, desde o início da cerimônia, denunciavam as operações de Israel na Faixa de Gaza e exigiam um cessar-fogo definitivo.
Este não foi, no entanto, o único momento político do evento.
“Serei certamente o primeiro neste palco a dizer que preferia não ter feito este filme”, declarou Mstyslav Cherno ao receber o Oscar de melhor documentário por 20 Dias em Mariupol.
Ganhador do Pulitzer, Cherno foi um dos poucos jornalistas que cobriu de perto o cerco das tropas russas à cidade portuária ucraniana, e narrou isso em seu documentário.
“Gostaria de poder trocar o Oscar por a Rússia nunca ter ocupado as nossas cidades”, afirmou.
Outro momento emocionante foi quando Sean Lennon, filho de John Lennon e Yoko Ono, aproveitou para parabenizar a mãe pelo Dia das Mães (celebrado três semanas antes da Páscoa no Reino Unido) ao receber o Oscar de melhor documentário de curta-metragem por War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko.
Quem não subiu (novamente) ao palco para receber o prêmio foi Hayao Miyazaki. Aos 83 anos, a lenda viva do Studio Ghibli voltou a ganhar o Oscar de melhor filme de animação, que se soma agora à estatueta que ele conquistou em 2003 por A Viagem de Chihiro.
Essa não foi a noite dos latino-americanos e espanhóis.
Ficaram sem Oscar: A Sociedade da Neve, longa dirigido pelo catalão Juan Antonio Bayona e estrelado, entre outros, pelo uruguaio Enzo Vogrincic e pelo argentino Matías Recalt; o filme de animação Meu Amigo Robô, do espanhol Pablo Berger, e o documentário A Memória Infinita, da diretora chilena Maite Alberdi.
E até Martin Scorsese, cujo filme Assassinos da Lua das Flores havia recebido 10 indicações e era cotado como um dos favoritos, saiu de mãos abanando.
*As informações são da BBC News Brasil