sábado, 23 de novembro de 2024

Fabríccio, músico capixaba, lança novo EP

Nessa nova coluna sobre cultura aqui no O Capixaba, vamos falar de artistas capixabas, lançamentos e coisas que acontecem no estado (e, vez ou outra, coisas de fora também).

Chega mais! Entrevista com Fabríccio.

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Fabríccio já um nome em constante crescimento na música brasileira. Capixaba, faz conexões pelo Brasil para ampliar seu som.

Através da Zeferina Produções, o cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor, Fabríccio, acaba de lançar o EP Corpo & Calma, parceria com o aclamado DJ Will. Você já o encontra em todas as plataformas de streaming.

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O EP conta com o chiclete absoluto que é Grajaú Girl, e ainda traz parcerias com Zudizilla, Rael, Diego Amani e Aura Soul.

O som, massudo e redondo, é cortesia da mixagem e masterização de Jone BL. Confira aí nosso papo com Fabríccio!

1 – Fale sobre o seu início de carreira, como começou na música?

Na Música em si não sei dizer, eu sempre muito ligado com isso, não sei bem o que foi o gatilho principal, mas o primeiro contato com instrumentos musicais foi através da minha mãe e a igreja que ela frequentava, não se tinha muito incentivo e nem condições de se adquirir instrumentos, então esse primeiro contato foi importante, um tempo depois ganhei um violão e nunca mais parei. Na adolescência me envolvi e consumi muito a cena Punk/Hardcore dos 2000 pra frente, fui me envolvendo, lendo zine, fazendo parte de bandas, entendo o que eu mais curtia naquele monte de subgêneros que me eram apresentados com tanta frequência. Nunca consegui separar muito o violão e minhas influências de música brasileira que me levaram a gostar daquele instrumento, o punk/hardcore metal, o drum bass/jungle/ house, os milhões de informações jamaicanas, a cultura dentro da cultura que é o Dj, pra mim sempre foi eu e a música criando formas de não se abandonarem, até começar a produzir e ter essa oportunidade de juntar essas vivências em uma coisa só, que é o trampo que me trouxe até essa entrevista.

2 – Fabríccio, eu som é muito influenciado por neo soul, e ainda assim soa brasileiro. Como conciliar essas influências?

Acho que é uma questão de perspectiva, quando falamos de música vinda da diáspora negra temos que relembrar que somos povos nativos em muitos lugares, por mais que o mercado precise separar por gênero, local de origem, língua, mainstream, underground, na prática é tudo música, são linguagens diferentes tecnicamente falando, mas aos olhos e ouvidos de quem ama os dois da mesma forma são complementares, musicalidades literalmente e sanguineamente irmãs.

3 – Seu novo EP com o DJ Will, Corpo e Calma, chegou com tudo. Como vocês se aproximaram? O que pode falar sobre a produção do EP?

Eu já era fã do Will como Dj e de trabalhos que ele já fez parte como “5 pra 1”, minhas sócias da Zeferina Produções iniciaram essa aproximação e a ideia de registrarmos esse encontro de influências, ele já tinha tocado comigo em alguns shows fazendo parte da banda como DJ, era uma conexão que já estava acontecendo, o EP veio fazer o registro e juntar mais gente que temos carinho e admiração em comum.

4 – Fabríccio, suas letras tocam, nem sempre diretamente, em questões raciais. Quais são suas influências literárias, nas letras?

Curiosa essa pergunta, porque a música (sobretudo a brasileira) que me levou a literatura, as citações a obras, nomes reais ou de personagens, referências visuais, sempre me fascinou essa busca, uma sede mesmo de entender “de onde diabos” o Gilberto Gil tirou essa referência, “então aquela música do Bob era um discurso de Haile Selassie I ?!”, “então Caufield era desse livro aqui! “Sabe? Uma sede de entender outras formas de ler o mundo, a si mesmo, o fazer artístico em si, que naturalmente acabou virando uma sede de criar a própria versão disso tudo.

5 – Aproveitando que estamos no mês de aniversário do grande J Dilla (um pilar do neosoul), cite seus 5 beats favoritos produzidos por ele.

Erykah Badu – Didn’t cha know
De la Soul – Stakes is high
Busta Rhymes – Still Shine
A tribe called quest- Find a way
Common – Love is…

6 – Fabríccio, quais os planos futuros para sua carreira?

Dar continuidade ao pós lançamento desse EP com o Will, ainda tem alguns outros feats já encaminhados, e já estou a um tempo trabalhando num novo álbum, pra esse ano. Tenho alguns projetos paralelos também como o de voltar a discotecar, e também tenho vontade de estar presente em outros trabalhos como produtor musical e letrista.

Leia também: “Tire a sua festa do caminho, que eu quero passar com o meu horror”

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João Paulo Oleare
João Paulo Oleare
João Paulo Oleare é jornalista e radialista, viciado em música e livros

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