quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Mestre-sala capixaba apresentará pesquisa sobre escolas de samba em Roma

O mestre-sala capixaba Marcos Vinicius da Silva Cordeiro. Crédito: Acervo pessoal

O mestre–sala capixaba Marcos Vinicius da Silva Cordeiro, de 30 anos, que faz doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), teve uma pesquisa sobre a saúde nas escolas de samba aprovada no 17º Congresso Mundial de Saúde Pública, que vai acontecer no mês de maio deste ano em Roma, na Itália.

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Além de ser segundo mestre–sala da MUG — e cria do Morro do Quadro —, Marcos é fonoaudiólogo, especialista em saúde, direitos humanos e racismo pela Fiocruz, além de mestre e doutorando em Saúde Coletiva pela Ufes.

A pesquisa, que o capixaba iniciou no mestrado e agora continua no doutorado, fala sobre a promoção dos cuidados com a saúde na vivência cotidiana dos sambistas.

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O trabalho também aborda a importância das escolas de samba para a saúde coletiva da população, sobretudo durante a pandemia da Covid-19 e o período de isolamento social, imposto como forma de conter a doença.

“Temos muitos estudos epidemiológicos que focam no carnaval como momento de ‘curtição’, e grande parte dos estudos da área da saúde sobre carnaval trazem o recorte só de um dia do carnaval. A minha proposta é diferente: mostrar como o carnaval impacta na saúde das pessoas. Na perspectiva de se preparar, de se cuidar para o desfile. Vejo a saúde em um sentido mais amplo”, explicou.

Marcos Vinicius da Silva Cordeiro

Mestre-sala da MUG, mestre e doutorando em saúde coletiva pela Ufes

“Enxergo a saúde como vida. Quando a escola de samba te permite, depois de um dia de trabalho, ser rainha de bateria, ser reconhecido como sambista, ter irmandade e sociabilidade, podemos resgatar a escola de samba como uma instituição de promoção da vida, principalmente da vida negra.”

Pandemia

Marcos conta que, durante a pandemia, precisou mudar os rumos da pesquisa devido ao isolamento social. Foi nesse momento que ele descobriu a importância das escolas de samba como ambiente de compartilhamento de afetos e de vivências.

Na época, o capixaba dançava na Novo Império e escolheu ouvir os integrantes da escola de Caratoíra sobre a falta do samba durante o isolamento.

“Tivemos dificuldade de lidar com o isolamento e começamos a observar nas conversas, principalmente com as pessoas mais idosas — velha guarda, baianas —, que a escola de samba era tudo o que elas tinham. Quando você tira a escola de samba no período da pandemia, elas começam a falar sobre tristeza, sobre luto. Muitas não têm família, então a escola era a família delas”, relatou.

Marcos Vinicius da Silva Cordeiro

Mestre-sala da MUG, mestre e doutorando em saúde coletiva pela Ufes

“Além disso, as escolas tiveram participação ativa na campanha de vacinação. Vivemos um cenário de negacionismo muito grande, mas as escolas enquanto instituição tomaram a bandeira da imunização para si. Isso ajudou muito na cobertura vacinal. Na pandemia, a escola é promotora de saúde e da vida.”

Ministério da Saúde

Além de pesquisador e mestre-sala, o capixaba ainda ainda trabalha na assessoria de políticas públicas de saúde do Ministério da Saúde, na equipe da professora, e também capixaba, Ethel Maciel. E vai desfilar, viu?

Nesta sexta-feira (10), o mestre-sala capixaba chega a Vitória para ser mestre de cerimônias do terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Chega Mais, no Grupo A. Já no sábado (11), ele entra na avenida como segundo mestre-sala da MUG.

Depois que a maratona do samba acabar, Marcos volta a trabalhar em Brasília, afinal precisa juntar dinheiro, buscar bolsas de estudos e parcerias para que consiga viajar a Roma para apresentar a pesquisa.

Que os nossos sambistas possam, como fez Marcos, levar o samba cada vez mais para dentro da vida acadêmica. A coluna deseja muito sucesso ao sambista pesquisador!

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