A estratégia daqueles que buscam residência fixa nos EUA
Diante dos riscos, muitos brasileiros que almejam o green card adotam medidas extremas.
Este texto propõe analisar um fenômeno geopolítico contemporâneo: o grupo dos aspirantes à residência permanente nos Estados Unidos. São indivíduos profundamente nacionalistas, cuja principal preocupação é assegurar, para si e para as futuras gerações, o livre acesso ao território americano.
Com as crescentes limitações impostas pela administração Trump, que vão desde negações até cancelamentos de vistos, muitos brasileiros proeminentes, como o ministro Alexandre de Moraes, já enfrentaram sanções. Para evitar tais consequências, os candidatos à imigração permanente adotam posturas calculadas: cuidam para não fazer declarações que possam ofender aliados americanos e tendem a assumir posicionamentos que agradem ao governo dos EUA.
As razões por trás do comportamento
Embora alguns considerem essa atitude lamentável, é preciso compreender os motivos. A perda de acesso aos Estados Unidos traz sérias limitações. Muitos têm bens, investimentos ou empreendimentos no país, além de familiares que estudam ou trabalham lá. Há quem veja as visitas frequentes a locais como a Disney World como parte do próprio estilo de vida. O escritor Ariano Suassuna já ironizou essa fascinação por aspectos da cultura americana.
Diante dessa complexidade, é necessário tratar o tema com ponderação: um fenômeno dessa magnitude exige uma análise isenta, sem julgamentos emocionais.
A diplomacia do visto permanente
É compreensível que tal postura gere indignação entre brasileiros mais nacionalistas, que a interpretam como subserviência. Ainda assim, os membros desse grupo costumam manter um discurso sofisticado. No serviço diplomático brasileiro, por exemplo, há representantes dessa tendência: com habilidade, muitos diplomatas equilibram posições para preservar o acesso contínuo ao território americano.
Assuntos sensíveis são tratados com extremo cuidado. O Itamaraty evita alinhamentos que possam ser mal interpretados. Quando o tema são os BRICS ou a China, a postura costuma ser especialmente cautelosa, pois qualquer sinal de aproximação pode ser interpretado como hostilidade aos interesses americanos. A administração Trump tem sido particularmente crítica em relação ao bloco.
O delicado equilíbrio geopolítico
Manter distância da China é considerado crucial. A recusa brasileira em participar da Nova Rota da Seda, apesar dos convites chineses, é frequentemente mencionada em conversas com autoridades americanas. Em um contexto em que a China supera os EUA em diversos indicadores econômicos, essa postura é vista como positiva por Washington.
Membros experientes desse grupo sabem evitar armadilhas diplomáticas. O foco deles é manter boas relações com os EUA e aproveitar as oportunidades oferecidas pelo país. Para isso, cultivam elogios aos valores americanos e críticas ponderadas a países como China, Rússia e Irã, que também integram os BRICS.
A saída dos BRICS como opção
Em situações extremas, alguns chegam a sugerir a saída do Brasil do bloco, argumentando que o país pertence essencialmente ao Ocidente. Apesar de figuras como Bolsonaro e Zema terem manifestado essa intenção, integrantes mais cautelosos preferem manter discrição sobre o tema, preservando certa dignidade nas relações internacionais.








