Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que os automóveis do futuro devem ser produzidos na Europa. Anunciou também que a União Europeia coopera estreitamente com a indústria para garantir esse desígnio; a posição foi transmitida no terceiro Diálogo Estratégico com o setor automóvel e reafirmada no debate sobre o Estado da União, no Parlamento Europeu em Estrasburgo.
Prioridade da Comissão Europeia
Von der Leyen declarou, citada pela agência Lusa, que a intenção é que tanto o futuro do setor automóvel como os próprios veículos sejam fabricados na Europa, frisando que a Comissão trabalha junto das empresas para transformar essa meta em realidade. A presidente do executivo comunitário enfatizou que a evolução tecnológica e a alteração da concorrência mundial impedem a manutenção das práticas habituais.
Segundo a dirigente, as medidas visam proteger as empresas europeias contra concorrência desleal, facilitar o acesso a matérias-primas críticas e apoiar a requalificação da mão de obra. Von der Leyen acrescentou que a Comissão pretende conciliar a descarbonização com a neutralidade tecnológica, ouvir as preocupações do setor e oferecer margem de manobra sempre que for necessário.
Mais tempo para cumprir metas ambientais
Esta postura surge enquanto a Comissão tem vindo a ajustar as regras sobre emissões de dióxido de carbono: em março, Bruxelas apresentou alterações ao regulamento que estabelece as normas de desempenho ambiental para automóveis de passageiros e veículos comerciais ligeiros.
Na prática, a proposta prevê que os fabricantes possam verificar o cumprimento das metas referentes a 2025, 2026 e 2027 com base numa média do triénio, em vez de serem avaliados ano a ano.
Essa abordagem dá às empresas dois a três anos para compensar eventuais excedentes, sem modificar o objetivo global de reduzir em 15% as emissões médias de CO2 entre 2025 e 2029, em comparação com os níveis de 2021.
O Parlamento Europeu já tinha aprovado, em maio, uma proposta da Comissão nesse sentido, estendendo o prazo de adaptação e autorizando uma implementação faseada.
Uma indústria sob pressão
O setor automóvel da União Europeia atravessa um momento delicado: emprega cerca de 13,8 milhões de pessoas, o que corresponde a aproximadamente 6,1% da força de trabalho, e representa perto de 7% do produto interno bruto europeu.
Em 2022, a indústria registou um valor acrescentado bruto de 237 mil milhões de euros e exportações de 235,6 mil milhões, resultando num excedente comercial superior a 90 mil milhões.
Em 2023 foram produzidos 12,1 milhões de veículos na União Europeia, números que evidenciam a dimensão do setor, bem como os desafios associados à transição para veículos elétricos, ao aumento dos custos de produção e à concorrência cada vez mais intensa de países como a China.
Bruxelas olha para o futuro
Diante deste cenário, Ursula von der Leyen considera que a resposta passa por reforçar a inovação e garantir a manutenção da produção no espaço da União Europeia.
Von der Leyen garantiu, citada pela agência Lusa, que será assegurado, em conjunto, que a Europa se mantenha na vanguarda da inovação automóvel, prometendo um quadro político capaz de acompanhar as necessidades da indústria e de preservar a competitividade a nível global.








