Na terça-feira, 16, o chanceler Mauro Vieira declarou que os Estados Unidos atenderam apenas parte das solicitações de visto para integrantes da delegação brasileira que comparecerá à Assembleia Geral da ONU em Nova York na próxima semana.
A fala do ministro surge após questionamentos do Itamaraty e das Nações Unidas sobre o atraso na emissão das autorizações de viagem. O evento multilateral ocorrerá entre 22 e 26 de setembro, com a presença do presidente Lula na cerimônia de abertura no dia 23, conforme determina o protocolo diplomático brasileiro.
Ainda que Lula tenha garantido seu visto, diversos membros do governo, incluindo ministros como Alexandre Padilha (Saúde), aguardam aprovação. Padilha solicitou a renovação em agosto e ainda não recebeu resposta. Fernando Haddad (Fazenda) teve de requerer nova autorização devido à expiração da anterior. De acordo com fontes oficiais, os EUA informaram que os processos estão em fase final de análise.
Preocupação internacional
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, manifestou preocupação com a morosidade dos EUA. Como nação anfitriã da organização, os Estados Unidos têm obrigação jurídica, estabelecida pelo Acordo de Sede de 1947, de permitir a entrada de representantes de todos os países-membros.
Especialistas em relações internacionais afirmam que a recusa de vistos configuraria uma violação sem precedentes desse tratado: nem mesmo no auge da Guerra Fria isso ocorreu, apesar de discursos de líderes como Fidel Castro em meio a tensões geopolíticas.
Medidas de contingência
Para evitar possíveis constrangimentos, o Brasil reduziu o tamanho de sua comitiva, limitando assessores e convidados. Autoridades do Itamaraty ponderam acionar mecanismos de arbitragem da ONU caso haja recusa formal a algum visto.
O impasse reflete o clima de tensão entre Brasil e EUA, agravado após críticas norte-americanas às decisões judiciais envolvendo Jair Bolsonaro. O senador Marco Rubio já advertiu sobre “novas medidas” contra o Brasil, enquanto Donald Trump vinculou a retirada de tarifas ao encerramento do processo contra o ex-presidente.
Lula embarcará neste final de semana, permanecendo em Nova York até 25 de setembro. Além do pronunciamento na Assembleia Geral, o presidente participará de debates sobre temas como democracia, clima e a questão palestina. Caso as aprovações pendentes não sejam concedidas, ministros poderão ser representados por substitutos ou até excluídos da agenda diplomática.
