Redução da dependência dos EUA é urgente
A recente imposição de tarifas pelos Estados Unidos e o fortalecimento de políticas protecionistas têm impulsionado exportadores brasileiros a reconsiderarem suas estratégias de comércio. Esse ambiente de incerteza tem levado os exportadores a procurar novos mercados, com maior foco na Europa e na Ásia.
Thiago Oliveira, CEO da Saygo, empresa especializada em comércio exterior, enfatiza a importância da diversificação:
“A situação exige que as empresas exportadoras sejam ágeis e tenham uma visão estratégica. Empresas que consigam diversificar seus mercados e agregar valor aos seus produtos encontrarão um caminho de fortalecimento nesse cenário desafiador.”
União Europeia e Sudeste Asiático em evidência
As regiões da União Europeia e do Sudeste Asiático têm se mostrado destinos promissores para produtos variados do Brasil. Países como Vietnã, Indonésia e Índia estão aumentando a demanda por commodities agrícolas, produtos industrializados e soluções sustentáveis.
Na Europa, a demanda é elevada para produtos de maior valor agregado, como bebidas alcoólicas, autopeças e produtos químicos, destacando a competitividade de empresas que investem em inovação e qualidade.
Destaque para bebidas e autopeças
Dados do Comex Stat indicam que, em 2022, o Brasil exportou US$ 193 milhões em bebidas alcoólicas, com US$ 120 milhões em cervejas e US$ 20 milhões em cachaças. Marcas como Cachaça 51, Ypióca e Pitú já conquistaram mercados exigentes como Alemanha, Japão, Itália e Suíça.
O setor industrial também é beneficiado pelo regime de Drawback, que isenta ou suspende tributos sobre insumos importados usados na produção de bens para exportação. Em 2023, esta política representou 25% das exportações brasileiras, superando US$ 75 bilhões.
Desafios de acesso a novos mercados
Embora promissor, acessar mercados como o europeu é um desafio que exige muito mais do que competitividade; é fundamental respeitar normas rigorosas, especialmente em padrões sanitários, ambientais e de rastreabilidade.
“Não basta encontrar novos compradores. Os mercados mais promissores são exigentes. É vital repensar processos, adaptar portfólios e assegurar conformidade regulatória para manter a posição.” alerta Oliveira.
Tensões com os EUA e riscos políticos
A possível reeleição de Donald Trump e o retorno de suas políticas protecionistas preocupam os exportadores brasileiros. Setores como siderurgia e agronegócio já sentiram os impactos dessas políticas.
“As companhias precisam revisar contratos e buscar acordos comerciais favoráveis com parceiros que garantam estabilidade e previsibilidade.” reforça o CEO da Saygo.
Sucesso e tecnologia no cenário atual
Empresas brasileiras já colhem os resultados da adaptação ao novo cenário global. Indústrias de autopeças e produtos químicos no interior de São Paulo, por exemplo, reduziram custos de produção em 18% e expandiram sua presença na América Latina, apoiadas pelo Drawback.
No setor de bebidas, o registro especial junto à Receita Federal tem sido fundamental para regularizar as exportações.
“O registro especial garante a conformidade legal e fiscal, essencial para a credibilidade junto a parceiros comerciais estrangeiros.” explica Oliveira.
Visão de futuro com tecnologia
Com o avanço das negociações bilaterais com países asiáticos e europeus, especialistas identificam o uso de tecnologia, inteligência de dados e digitalização de processos logísticos como fatores diferenciais.
“Crescer de forma desorganizada é uma armadilha. A escalabilidade deve ser apoiada em processos sólidos, visão estratégica e constante acompanhamento do mercado global.” conclui o executivo.








