Diversos confrontos armados foram registrados nesta semana em cidades de maioria drusa ao redor de Damasco, Síria. Esses conflitos ocorreram entre um grupo armado não identificado e o movimento Homens da Dignidade, a principal força drusa do país, resultando em diversas mortes e feridos.
Tensões elevadas
Os combates tiveram início após a divulgação de um áudio nas redes sociais no dia 28 de abril, onde um indivíduo, supostamente druso, ofendia o profeta Maomé. A repercussão gerou indignação em todo o país, levando a protestos em várias cidades sírias, onde manifestantes exigiam ações contra os drusos.
Na sequência, um grupo armado tentou invadir as cidades de Jaramana e Sahnaya. A identificação desse grupo ainda é incerta, se é parte da Segurança Geral, do Novo Exército Sírio, ou apenas uma milícia informal.
Conflitos em Sahnaya
Ahmad, de Sahnaya, relatou que sua cidade foi atacada em duas noites consecutivas, com membros do grupo armado atirando contra civis. A violência persistiu durante toda a noite e, mesmo após um acordo, os combates recomeçaram.
Desempenho do governo sírio
Um comunicado oficial do diretor de segurança da região rural de Damasco informou que forças estatais foram deslocadas para Sahnaya para proteger os civis. No entanto, o governo parece distanciar-se do grupo responsável pelos ataques, que, apesar de operar dentro de seu território, agride tanto civis quanto agentes do Estado.
Essa situação revela a fragilidade do novo governo sírio e a falta de controle sobre as milícias armadas. O governo interino, liderado por Ahmed al-Sharaa, também conhecido como al-Julani, enfrenta sérias dificuldades em garantir segurança e estabilidade na Síria.
Violência contra minorias
Desde que o governo interino assumiu, os atos de violência sectária contra minorias tornaram-se comuns. O governo frequentemente se distanciou dos grupos que cometem tais atos, referindo-se a eles como “fora da lei”.
Acompanhando a situação, aumentaram também os ataques direcionados a comunidades xiitas e alauitas em todo o país.
Intervenção israelense
Os drusos, que constituem cerca de 3% da população síria, enfrentam ameaças constantes, especialmente em áreas estratégicas como Sweida. O movimento Homens da Dignidade e outras milícias drusas têm atuado na proteção dessas áreas desde a retirada do regime de Bashar al-Assad em 2023.
Além disso, Israel tem ampliado sua atuação no sul da Síria, apresentando-se como “protetor de minorias”. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que não permitirão presença do novo governo sírio na região, onde vive a maior parte dos drusos.
Essa retórica de Israel pode ser vista como uma estratégia para justificar intervenções militares, reforçando sua influência geopolítica no Levante. A crescente violência e a precariedade da administração síria expõem desafios significativos para a população vulnerável, em especial para as comunidades drusas.