quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Papa Francisco pede investigação sobre possível genocídio em Gaza

O Papa Francisco solicitou uma investigação para apurar se os ataques israelenses na Faixa de Gaza podem ser classificados como genocídio, conforme revelado em trechos divulgados neste domingo (17) de um novo livro com entrevistas do pontífice. Segundo o Papa, especialistas apontam que as ações em Gaza têm características de genocídio, e ele acredita que seja necessário investigar cuidadosamente a questão para determinar se as definições jurídicas e internacionais de genocídio se aplicam.

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“O que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio, segundo alguns especialistas. Devemos investigar cuidadosamente para determinar se isso se encaixa na definição técnica formulada por juristas e organismos internacionais”, afirmou o Papa em trechos do livro *A Esperança Nunca Decepciona: Peregrinos Rumo a um Mundo Melhor*, escrito pelo jornalista Hernán Reyes Alcaide.

O livro será lançado na próxima terça-feira, antes do Jubileu de 2025, que deve atrair mais de 30 milhões de peregrinos a Roma para celebrar o Ano Santo. Este é o primeiro pedido público de Francisco para que se investigue as acusações de genocídio relacionadas às ações militares de Israel contra a Faixa de Gaza, em um conflito que já resultou na morte de dezenas de milhares de pessoas.

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Em setembro, o Papa havia condenado os ataques israelenses, qualificando-os de “imorais” e “desproporcionais”, e afirmado que o exército israelense havia ultrapassado as normas da guerra. A guerra teve início após o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, realizado pelo Hamas, que matou cerca de 1.200 israelenses e levou 250 pessoas como reféns para Gaza. Desde então, a operação militar israelense resultou em mais de 43 mil mortos, a maioria mulheres e crianças, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Israel nega as acusações de genocídio, afirmando que suas ações são direcionadas exclusivamente aos membros do Hamas. No entanto, a questão foi levantada em tribunais internacionais, e a Corte Internacional de Justiça, em Haia, está investigando se as ações do exército israelense podem ser consideradas genocidas. Além disso, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, acusando-o de responsabilidade criminal por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Em encontros anteriores, o Papa Francisco se reuniu com familiares de reféns israelenses e palestinos, onde abordou, de forma franca, os temas de “terrorismo” e “genocídio”, palavras que geralmente são evitadas na diplomacia do Vaticano. Durante essas reuniões, o pontífice falou sobre o sofrimento de ambos os lados no conflito, antes mesmo de um acordo temporário de pausa nos combates entre Israel e o Hamas.

O Papa também teve controle editorial sobre o novo livro, e recentemente se encontrou com uma delegação de reféns israelenses libertados e suas famílias, que pressionam para a liberação dos demais reféns ainda mantidos em Gaza.

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