7 de dezembro de 2025
domingo, 7 de dezembro de 2025

Tentativa de golpe na Bolívia: tanques invadem Palácio Presidencial em La Paz

Tanques e soldados do Exército invadiram a entrada do palácio presidencial em La Paz, na Bolívia, nesta quarta-feira (26). As cenas remetem às décadas de 1960 e 1970, quando ditaduras militares se espalharam pela América do Sul. O episódio, contudo, é um desfecho inesperado para um governo em crise.

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Ato isolado

Especialistas em Relações Internacionais explicam que o cenário que levou à tentativa fracassada de golpe na Bolívia é complexo. Em primeiro lugar, há um consenso de que o episódio foi um ato isolado do general Juan José Zúñiga, e não um movimento bem planejado com apoio de diversas forças sociais. Demitido na terça-feira (25) do cargo de comandante do Exército após ameaçar o ex-presidente Evo Morales, Zúñiga decidiu agir por conta própria.

“O general teve um erro de cálculo político. Achou que receberia algum respaldo ao ameaçar Evo Morales, mas o atual presidente boliviano bancou a aposta e tirou o general do comando do Exército. Ele se viu numa situação de isolamento e tentou o golpe de forma improvisada, sem participação de outras lideranças das Forças Armadas e sem apoio significativo de grupos sociais do país”, analisa Maurício Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais.

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Movimentos sindicais alinhados a Morales e o próprio presidente Luis Arce se manifestaram contra o golpe. Até opositores de Morales, como Jeanine Añez e Luis Camacho, condenaram a tentativa de golpe. Para Arthur Murta, professor de Relações Internacionais da PUC São Paulo, o movimento de Zúñiga parece mais uma demonstração de poder do que uma real tentativa de instaurar um novo governo.

O general Zúñiga foi preso após liderar a tentativa de golpe.

Crise econômica e disputas políticas

A ação de Zúñiga também pode ser entendida à luz de problemas estruturais enfrentados pela Bolívia, como a crise econômica. A economia boliviana, fortemente dependente do gás natural, enfrenta dificuldades significativas. As exportações caíram e as reservas internacionais estão em torno de US$ 3 bilhões, insuficientes para as necessidades do país. “A Bolívia está com muita dificuldade de importar produtos básicos para o dia a dia: alimentos, remédios, combustíveis”, diz Santoro.

Conflitos entre Estado e forças sociais agravam a situação. A administração atual busca apropriar-se de parte do excedente econômico para políticas públicas, o que enfrenta resistência de grupos nacionais e multinacionais, conforme explica Nildo Ouriques, professor da UFSC.

Do ponto de vista político, a Bolívia está às vésperas de uma eleição presidencial, o que aumenta a tensão. O general Zúñiga ameaçou intervir caso Evo Morales se candidatasse novamente, reacendendo feridas da crise política de 2019, quando Morales foi deposto e os militares intervieram.

Contexto regional

Para os especialistas, é necessário considerar o contexto mais amplo da América do Sul, onde movimentos autoritários e tentativas de golpe fracassadas têm ocorrido. A resposta internacional em defesa da democracia boliviana, com manifestações de apoio de países sul-americanos e da Organização dos Estados Americanos (OEA), foi considerada positiva.

“Essa tentativa de golpe faz parte de um contexto mais amplo de crise da democracia na América Latina. O lado positivo é que a democracia está resistindo e mostrando ser resiliente. Mas é preocupante que tantas crises estejam ocorrendo na região nos últimos anos”, conclui Santoro.

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