Em seu relatório anual sobre o polo norte, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa), divulgou na última terça-feira (19), que Ártico está esquentando mais rápido do que qualquer outra parte do planeta.
A análise, usada como referência pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), documenta novas evidências de que o aquecimento do ar, oceano e terra está afetando pessoas, ecossistemas e comunidades em todo o Ártico.
Derretimento e incêndios florestais
No geral, 2023 foi o 6º ano mais quente já registrado na região e as temperaturas do ar na superfície durante o verão foram as mais quentes já vistas. A extensão do gelo marinho continuou diminuindo, atingindo a maior baixa histórica em 17 de setembro.
O calor incomum na Groenlândia contribuiu para uma área acumulada de dias de derretimento se aproximando do recorde histórico.
O calor incomum no norte do Canadá coincidiu com precipitações abaixo do normal, contribuindo para uma temporada de incêndios florestais extremos e a fumaça resultante que afetou inclusive os Estados Unidos.
Aquecimento duas vezes mais rápido no Ártico
A “amplificação do Ártico” é um fenômeno amplamente reconhecido, no qual o aquecimento global causado pelo homem é maior nos polos, fazendo com que o Ártico se aqueça mais rapidamente do que o resto do globo.
Múltiplos fatores aumentam o aquecimento em altas latitudes, mas o principal deles é que o aquecimento reduz a neve e o gelo, que de outra forma refletiriam a entrada de luz solar.
As temperaturas do Ártico aumentaram pelo menos duas vezes mais rápido do que as temperaturas globais desde o ano 2000.
Os mares rasos ao redor das margens do Oceano Ártico aqueceram dramaticamente nas últimas quatro décadas. Em média, essas áreas aqueceram cerca de 2°C
Esse processo gera um ciclo onde o aumento das temperaturas do ar e da água encolhem a cobertura de gelo marinho, o que expõe mais o oceano à luz solar direta, o que impulsiona mais aquecimento.
Mudança no ecossistema
Lugares que antes eram cobertos de neve quase o ano todo estão descongelando no início da primavera. O inverno 2022-23 trouxe acumulações de neve acima da média para o Ártico, mas ela desapareceu muito mais rapidamente na primavera do que costumava ocorrer antes.
Embora a tundra, o bioma existente no Ártico, seja demasiado fria e seca para as árvores, é o lar de outras plantas que evoluíram para sobreviver aos invernos gelados e aos curtos períodos de crescimento.
À medida que o Ártico aqueceu nas últimas décadas, os satélites documentaram a tundra se tornando significativamente “mais verde”.
O administrador da Noaa, Rick Spinrad, disse que “a mensagem primordial do boletim deste ano é que a hora de agir é agora”.
Segundo ele, a agência está aumentando ações de apoio e colaboração com comunidades estaduais, tribais e locais para ajudar a construir resiliência climática.
O especialista também fez um apelo para que a comunidade global reduza drasticamente as emissões de gases de efeito estufa que estão impulsionando essas mudanças.
*Com informações da ONU News
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