9 de dezembro de 2025
terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Como a ansiedade e o estresse causam espasmos durante o sono

O Brasil figura entre as nações com maiores índices de estresse, ocupando a quarta posição no ranking global. O relatório World Mental Health Day 2024, com uma amostra de 1,5 mil participantes, revelou que pouco mais de um quarto afirmou não ter vivenciado episódios de estresse relevantes ao longo de um ano.

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O desgaste do dia a dia, a pressão no trabalho, demandas emocionais e a dificuldade de desacelerar ao final do dia podem se refletir de várias maneiras no corpo. Uma manifestação comum ocorre quando o organismo tenta repousar: são os espasmos musculares involuntários conhecidos como mioclonia ansiosa.

Embora muitos identifiquem esses sobressaltos com os espasmos que surgem na transição entre vigília e sono, a mioclonia associada à ansiedade tem origem distinta, relacionada ao estado permanente de vigilância que acomete pessoas sob forte tensão.

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Segundo Giselly Cristiany Lessi, psicóloga da AmorSaúde, rede de clínicas parceira do Cartão de TODOS, distinguir os espasmos fisiológicos dos episódios causados pela ansiedade é essencial para saber quando se trata de um fenômeno normal e quando o corpo está reagindo a um estresse prolongado.

Causas da mioclonia ansiosa

Na mioclonia ansiosa, mesmo ao deitar-se para dormir, o organismo segue respondendo como se fosse necessário manter-se alerta. A especialista descreve que se trata de um espasmo muscular involuntário provocado pela hiperexcitação do sistema nervoso em consequência da ansiedade, com o cérebro permanecendo em modo de vigilância mesmo quando o corpo tenta relaxar.

Ela esclarece que os espasmos hipnagógicos, que ocorrem naturalmente ao adormecer em razão da redução do tônus muscular, têm origem diferente. No caso da mioclonia ansiosa, o cérebro interpreta o relaxamento como uma possível perda de controle e dispara impulsos motores para preservar a atenção corporal.

A intensidade e a frequência desses movimentos tendem a ser maiores do que nos espasmos fisiológicos, frequentemente acompanhados por sinais típicos de ansiedade, como taquicardia, respiração acelerada e sensação contínua de alerta.

Influência do estresse e da ansiedade no momento de dormir

Giselly Cristiany Lessi explica que, quando ansiedade e estresse passam a integrar a rotina de forma crônica, o sistema nervoso simpático — responsável pela resposta de “luta ou fuga” — pode permanecer ativado fora de situações de perigo, promovendo alterações fisiológicas que atrapalham o relaxamento.

Entre esses efeitos estão o aumento sustentado de cortisol e adrenalina, que deixam os músculos mais reativos, e a dificuldade em desacelerar áreas cerebrais que monitoram ameaças. Esse quadro provoca microdescargas elétricas nos neurônios motores, manifestadas como espasmos, solavancos ou sensação de queda no momento de adormecer. Para a psicóloga, isso indica que o estresse diário se acumula no sistema nervoso, que à noite não consegue desacelerar naturalmente.

Sinais de que os espasmos estão ligados à ansiedade

De acordo com Giselly Cristiany Lessi, determinados padrões e comportamentos recorrentes podem apontar que a mioclonia está associada à ansiedade e requer avaliação profissional. Entre os sinais de atenção, destacam-se:

  • Espasmos que ocorrem várias vezes na mesma noite ou quase todas as noites
  • Acompanhamento de taquicardia, respiração curta, medo ou sensação de alerta
  • Dificuldade ou impossibilidade de iniciar o sono
  • Histórico de ansiedade generalizada, crises de pânico ou episódios de estresse intenso
  • Presença de espasmos também durante o dia, especialmente em situações tensas
  • Preocupação persistente de que algo esteja errado com o corpo

Como prevenir ou reduzir a mioclonia ansiosa

A profissional aponta que a prevenção passa por práticas que regulam o sistema nervoso e ajudam a diminuir o estado de hiperalerta. O objetivo é ensinar o organismo a reconhecer o momento de descanso como não ameaçador, restabelecendo o equilíbrio entre os sistemas simpático e parassimpático.

Giselly Cristiany Lessi reforça que qualquer intervenção que reduza a ativação simpática e estimule o sistema parassimpático tende a ser benéfica. A especialista indica cinco estratégias recomendadas:

  • Respiração diafragmática lenta: reduz os níveis de adrenalina, ativa o nervo vago e diminui a excitabilidade dos neurônios motores
  • Higiene do sono rigorosa: manter o quarto escuro, evitar telas antes de dormir e cortar estimulantes como café, energéticos e álcool à noite
  • Contração e relaxamento muscular: contrair e relaxar grupos musculares por 5–8 segundos para reduzir a tensão periférica e prevenir espasmos de rebote
  • Ritual pré-sono calmante: banho morno, música suave e leituras leves antes de deitar
  • Atividade física regular: ajuda a regular o cortisol, melhora a serotonina e diminui a chance de descargas musculares involuntárias

Quando buscar ajuda profissional

A mioclonia ansiosa não deve ser negligenciada quando compromete o descanso. A orientação é procurar avaliação psicológica ou médica se os espasmos prejudicam o sono por mais de duas semanas, se houver medo de dormir ou sensação persistente de que algo grave pode ocorrer, ou se os episódios vierem acompanhados de sinais de estresse crônico, burnout ou crises de pânico. Espasmos diurnos também requerem investigação.

O tratamento costuma incluir psicoterapia, com ênfase na terapia cognitivo-comportamental (TCC), que reduz o hiperalerta, reorganiza padrões de pensamento e regula a resposta fisiológica ao estresse.

Técnicas de regulação autonômica, como mindfulness, respiração guiada, biofeedback e abordagens corporais, incluindo acupuntura, podem ser recomendadas. Em alguns casos, a avaliação médica é necessária, especialmente se houver suspeita de outras condições neurológicas ou necessidade de medicação.

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