A ansiedade pode surgir de repente e, muitas vezes, sem avisar. Ela acelera o coração, deixa a respiração curta e provoca aquela sensação de que algo está muito errado. Quem nunca se pegou tentando se acalmar, andando de um lado para o outro, com a mente a mil, mesmo sem conseguir explicar exatamente o que sente? Por fora pode até parecer tudo normal, mas por dentro é como se algo estivesse prestes a explodir. E está tudo bem sentir isso. Você não está sozinho.
Afinal, o que é a ansiedade e por que ela aparece?
A ansiedade é uma das experiências mais comuns atualmente, mas também é muito mal compreendida. Do ponto de vista da psicologia e da neurociência, ela não é um erro do seu corpo. Na verdade, é uma resposta natural do cérebro diante de ameaças. É a famosa “amígdala cerebral” que acende esse alarme interno, fazendo o corpo entrar em estado de alerta: coração dispara, músculos se tensionam, mente fica inquieta. Tudo isso faz parte do sistema de proteção do organismo, ainda que, na maioria das vezes, a ameaça não seja real ou imediata.
A ansiedade, muitas vezes, nasce da tentativa de controlar o que não se pode controlar. É como instalar um alarme de incêndio tão sensível que dispara até quando um gato passa na calçada. O sistema só está mais ativado do que deveria – e isso tem solução.
A importância de identificar o tipo de preocupação
Nossa mente costuma criar perguntas silenciosas: “Será que eu dou conta?”, “Será que as pessoas vão gostar de mim mesmo se eu falhar?”, “Será que estou no caminho certo?”. Esses pensamentos ativam o alarme da ansiedade. Mas vale lembrar que pensamentos não são verdades absolutas. O cérebro gera hipóteses, baseadas em experiências, medos e inseguranças – e nem sempre correspondem à realidade.
Nesse sentido, diferenciar preocupações produtivas de improdutivas pode transformar a forma de lidar com a ansiedade:
– Preocupação produtiva: é aquela que leva à ação. Por exemplo, estudar para uma prova porque sente ansiedade sobre ela.
– Preocupação improdutiva: é vaga, circular, exagerada e não te leva a agir, apenas paralisa. Como ficar pensando em todos os cenários negativos possíveis, sem conseguir sair do lugar.
Reconhecer isso é essencial para não se perder no ciclo da ansiedade. O que está sob seu controle pode ser anotado e planejado. O que não está, pode (e deve) ser entregue, seja à vida, à fé ou simplesmente aceito como parte do processo.
Práticas para acalmar a mente e o corpo
Algumas técnicas de autocuidado podem ser grandes aliadas para trazer equilíbrio nesses momentos de crise. Duas delas são bastante simples, mas extremamente eficazes:
1. Respiração ancorada
Inspire lentamente pelo nariz, contando até quatro. Segure o ar por dois segundos e, então, solte devagar pela boca, contando até seis. Repita esse ciclo algumas vezes. Esse padrão de respiração ajuda a acalmar o sistema nervoso, traz a mente para o momento presente e reduz a intensidade dos sintomas da ansiedade.
2. Técnica dos cinco sentidos
Observe cinco coisas que pode ver, quatro que pode tocar, três que pode ouvir, duas que pode cheirar e uma que pode saborear. Essa prática ajuda a tirar o foco do pensamento acelerado, ancorando sua atenção no aqui e agora.
O que fazer se a ansiedade persiste?
Sentir ansiedade de vez em quando é normal, mas quando ela se torna constante e começa a prejudicar a qualidade de vida, vale buscar ajuda especializada. A terapia, especialmente com abordagem cognitivo-comportamental, tem eficácia comprovada para tratar os sintomas da ansiedade. Nela, é possível aprender a identificar os gatilhos, diferenciar pensamentos de fatos e desenvolver estratégias práticas para enfrentar situações desafiadoras.
Ninguém precisa passar a vida toda tentando se acalmar sozinho. Aceitar apoio profissional é um ato de autocuidado, não de fraqueza.
Uma última reflexão
Essa crise vai passar. E enquanto ela acontece, lembre-se de não se abandonar. Pratique o autocuidado, utilize as técnicas apresentadas, e se permita buscar ajuda se sentir necessidade. Compartilhe esse conhecimento com quem precisa – juntos, o caminho pode ser mais leve.
Saúde mental é fundamental e merece cuidado diário. Que essas dicas ajudem a trazer um pouco mais de equilíbrio e serenidade para o seu dia a dia. Afinal, viver com leveza é possível e está ao alcance de todos.








