Adultos que enfrentaram um diagnóstico de câncer na juventude registram uma incidência maior de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, em comparação com aqueles que não passaram pela doença ou que foram diagnosticados mais tarde.
Esse é um dado revelado por um estudo realizado pela Universidade de Michigan, EUA, publicado em maio no periódico científico JAMA.
Impacto do Tratamento do Câncer na Saúde Mental
Os pesquisadores destacam que, embora seja reconhecido o impacto psicológico do tratamento do câncer, ainda são poucas as pesquisas que investigam a vida dos sobreviventes a longo prazo.
O psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que eventos traumáticos na infância ou adolescência podem aumentar o risco de transtornos mentais na vida adulta.
Pesquisa e Divisão dos Grupos
O estudo baseou-se em dados do Health and Retirement Study (HRS), que desde 1992 acompanha cerca de 40 mil participantes acima dos 50 anos, entrevistados a cada dois anos. Os voluntários foram segmentados em três grupos: indivíduos com histórico de câncer na adolescência ou início da vida adulta, diagnosticados após os 40 anos, e aqueles que nunca tiveram a doença.
Resultados da Análise
A análise revelou que indivíduos diagnosticados entre 15 e 39 anos apresentam prevalência maior de transtornos psiquiátricos e maior uso de medicamentos para ansiedade e depressão em comparação aos diagnosticados em idade mais avançada.
A taxa de problemas de saúde mental foi de 16% contra 37% em outros grupos, enquanto o uso de medicamentos foi de 25% contra 33%.
Conclusão do Estudo
Os pesquisadores sugerem que o estresse causado pela doença numa etapa precoce da vida, incluindo complicações como efeitos colaterais do tratamento, questões de fertilidade e dificuldades financeiras, pode ter consequências prolongadas. É importante que profissionais da saúde considerem esses fatores ao atenderem esses pacientes.
