Quando se trata de pistas icônicas da Fórmula 1, poucas são tão respeitadas quanto a famosa combinação Eau Rouge e Raidillon, no circuito de Spa-Francorchamps, Bélgica. Este trecho é um dos mais desafiadores no automobilismo mundial devido à sua complexidade e aos riscos que apresenta aos pilotos.
A jornada pelo Eau Rouge e Raidillon começa após a curva La Source, descendo em direção a um vale, onde os carros cruzam o riacho Eau Rouge e avançam para uma subida íngreme e curvada chamada Raidillon. O perigo não está apenas na velocidade extrema, mas também na mudança abrupta de altitude, na pressão G que comprime os pilotos e na visibilidade limitada ao sair da curva — os pilotos giram o volante sem vislumbrar o destino do carro.
A Complexidade do Trecho
Esse trecho requer uma coragem que caminha junto ao risco de erro. Para ultrapassá-lo em alta velocidade, é necessária uma precisão inquestionável e plena confiança no veículo. Pequenos erros podem levar a colisões graves, já que as áreas de escape são restritas, projetando os carros de volta à pista.
Os desafios de Eau Rouge e Raidillon incluem:
- Velocidade Alta com Inclinação Acentuada: Percorrido a mais de 300 km/h, o carro sai de uma descida e entra em uma curva acentuada.
- Visibilidade Comprometida: No Raidillon, a visão da pista é obstruída pelo topo da colina, exigindo precisão extrema do piloto.
- Áreas de Escape Limitadas: Apesar de reformas, essas áreas continuam menores que em outros pontos velozes, aumentando os riscos.
- Intensas Forças G: A compressão na base da curva submete o piloto a forças significativas.
- Clima Inconstante: O microclima das Ardenas pode provocar condições variáveis de aderência ao longo do trecho.
Localização das Curvas
As curvas Eau Rouge e Raidillon estão situadas no início do circuito de Spa-Francorchamps, nas Ardenas belgas. Após La Source, os carros descem até o ponto mais baixo antes de cruzar o riacho Eau Rouge e iniciar a subida curva de Raidillon. O trecho culmina na reta Kemmel, um dos trechos mais rápidos do circuito.
História de Acidentes
A fama das curvas não deriva apenas de sua técnica desafiadora, mas também de uma história marcada por acidentes severos, alguns fatais. Exemplos incluem:
- Anthoine Hubert (2019): Durante uma prova da Fórmula 2, Hubert sofreu fatalmente após uma colisão, reacendendo debates sobre a segurança de Raidillon.
- Dilano van ‘t Hoff (2023): Em condições de chuva, van ‘t Hoff morreu após impacto violento ao colidir e retornar ao traçado.
- Lando Norris (2021): Num treino sob chuva, Norris perdeu o controle em Eau Rouge, resultando em colisão intensa.
- Jacques Villeneuve e Ricardo Zonta (1999): Ambos se acidentaram em tentativa de concluir o trecho ao máximo de velocidade.
Esforços por Segurança
Após acidentes recentes, reformas visaram melhorar a segurança com ampliação das áreas de escape e novas barreiras. Além disso, o traçado foi ajustado para reduzir riscos de colisões.
Apesar das alterações, muitos pilotos acreditam que novas medidas são necessárias para prevenir que veículos acidentados retornem à pista com rapidez perigosa.
Perspectivas dos Pilotos
As opiniões sobre Eau Rouge e Raidillon frequentemente refletem uma mistura de admiração e apreensão:
- Fernando Alonso: “A saída é invisível. É um sentimento estranho, mas emocionante.”
- Jacques Villeneuve: “A melhor curva do mundo, onde a coragem supera a técnica.”
- Carlos Sainz Jr.: “Reformas são eficazes, mas ajustes adicionais talvez sejam necessários.”
Essa combinação de respeito e temor é o que faz do Eau Rouge e Raidillon um trecho tão especial e perigoso.






