Jean Chera. Ele surgiu antes de Neymar, foi cotado para jogar na Europa e assumir a camisa 10 do Santos, viveu uma ascensão meteórica, e aos 10 anos de idade já recebia um salário de 10 mil reais.
Toda pressão, status e superexposição foram pontos fundamentais para o fracasso de Jean, comparado ao que era esperado dele. Além disso, Jean também passou por um caso de assédio sexual, enquanto menino da vila, por parte de um treinador. Mas, fracasso é um termo relativo, e hoje ele reflete sobre toda a trajetória: “O que é dar certo no futebol? É jogar uma Série A? Ou ajudar a família?”
Jean saiu precocemente do Santos a caminho da Itália, onde foi negociado com o pequeno Genoa por um valor exorbitante (que resolveu a vida financeira do jogador e da família até hoje). Lá o jogador teve problemas com documentações, o que fez com que ele voltasse ao Brasil. A frustração pelo fracasso e a raiva por não ter se firmado no Santos fizeram com que a carreira de Jean tivesse uma queda, assim como sua ascensão, meteórica.
O jogador enxerga três pontos como fundamentais para, até o momento, não ter vingado: erros de gestão da carreira, que tinha o pai Celso Chera como agente; o excesso de exposição ainda na infância e o próprio comportamento, imaturo muitas vezes em meio aos obstáculos das categorias de base.
Fora de campo, o tratamento com o meia-atacante mudou a rotina do clube, que também enxerga Jean Chera como uma oportunidade de marca. O EC São Bernardo contratou uma produtora para gravar uma espécie de websérie deste retorno aos gramados.
A exposição voltou, mas agora com o consentimento de um homem de 28 anos. O plano para voltar veio também com muita reflexão durante a meia década de afastamento. O último clube de Jean Chera foi o Sinop, em 2017, que antecedeu aventuras em outros campos, como e-sports (Fifa) e o futevôlei.
Hoje, 5 anos depois, Jean volta ao futebol profissional pelo EC São Bernardo, clube da terceira divisão do futebol paulista, com o objetivo de se firmar e mostrar ao filho Leonardo, de 6 anos, o porquê da fama do pai.
– Ele me pergunta: “Pai, por que você parou de jogar? Pai, por que você não volta a jogar? Pai, você jogou no Santos?”. Quero voltar para provar para mim também do que sou capaz, claro. Seria histórico alguém voltar e atuar em alto nível depois de cinco anos longe – disse Jean, em entrevista ao ge.
O passado ficou para trás, e os erros que ocorreram com Jean servem para ensinar os clubes, pais e atletas a como lidar com nossas promessas. Hoje temos Endrick, de apenas 16 anos, sendo o grande nome da geração. Toda essa pressão e expectativa podem ser um perigo para a mente do jovem que já está vendido ao Real Madrid.