O jornalista e radialista Ruy de Aguiar Monte faleceu na tarde de segunda-feira, aos 78 anos, vítima de um infarto. Natural do Pará, vivia no Espírito Santo desde 1973.
Nos últimos tempos sua saúde estava frágil e ele raramente saía de casa. Recentemente conseguiu escapar da atenção de seus filhos de criação e foi encontrado confuso no Terminal do Transcol do Ibes, em Vila Velha.
Jair de Oliveira, presidente da Associação dos Cronistas Esportivos Capixaba (Acec), solicitou apoio à Prefeitura de Vila Velha para agilizar os trâmites do velório e do sepultamento, que deveriam ocorrer ainda na terça-feira.
Embora não tivesse parentes registrados no estado, Ruy Monte era cercado por jovens que considerava filhos e que frequentavam sua casa, sem vínculo jurídico formal.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Na década de 1970, ao chegar ao Espírito Santo, Ruy atuou no jornal A Gazeta e na então recém-criada TV Gazeta, onde apresentou o programa Globo Esporte. Também trabalhou em diversas rádios locais, como Capixaba, Vitória, Gazeta e Espírito Santo.
Vários talentos do futebol regional devem a Ruy Monte parte das contratações por grandes clubes, entre eles Geovani, Carlos Henrique e Sávio.
Carlos Henrique, ex-ponta do Flamengo que viveu duas décadas nos EUA, reencontrou Ruy durante visita à Desportiva Ferroviária em janeiro de 2023. O atleta reconheceu publicamente o papel fundamental do jornalista em sua carreira.
Em 2018, Ruy publicou o livro “Clubes e Personalidades do Esporte Capixaba”, com 296 páginas dedicadas à história dos times locais e a figuras importantes do cenário esportivo, incluindo breves biografias de cronistas.
A obra também homenageou atletas de outras modalidades e clubes como Álvares Cabral e Saldanha da Gama, com prefácio assinado por Carlos Lindenberg, o Cariê. O lançamento ocorreu no salão nobre da Assembleia Legislativa em Vitória.
Em entrevista na época, Ruy explicou que este era seu segundo livro, após “Minhas Três Vidas” (1997), que narrava sua trajetória pelo Pará, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O jornalista destacou a importância de preservar a memória dos clubes capixabas e de suas figuras históricas.
DEPOIMENTO
“Minha primeira experiência na equipe de esportes de A Gazeta foi em 1985, cobrindo a licença médica de Ruy Monte. Para minha geração, ele era uma referência no jornalismo esportivo. Durante uma entrevista com Carlos Henrique nos EUA, o jogador demonstrou profunda gratidão por Ruy, o que resultou no reencontro fotografado. Ele merecia um final de vida mais digno, mas nem tudo ocorre como desejamos.” (José Caldas da Costa, jornalista)








