Apesar da redução, cerca de 4,2 milhões de alunos ainda apresentam defasagem entre idade e série, de acordo com informações do Unicef.
Conforme estatísticas de 2024, compiladas pelo Unicef a partir do Censo Escolar/Inep, 12,5% dos estudantes enfrentam essa situação, representando uma redução em relação aos 13,4% observados no ano anterior.
Desigualdades persistentes
Apesar do declínio nos índices de distorção, as disparidades permanecem significativas. Entre os alunos negros da Educação Básica, o problema atinge 15,2%, quase o dobro do observado entre estudantes brancos (8,1%). O fenômeno também é mais frequente entre meninos (14,6%) do que entre meninas (10,3%).
“Esses valores refletem a banalização do insucesso acadêmico, que prejudica principalmente aqueles em contextos mais frágeis, frequentemente submetidos a outras violações de direitos dentro e fora do ambiente escolar“, explica Mônica Dias Pinto, responsável pela área de Educação do Unicef no Brasil. “Garantir completamente o direito de aprender e se desenvolver na fase adequada é essencial“.
Iniciativas para mudança
Visando combater esse quadro, o Unicef, em parceria com o Instituto Claro e com contribuição da Fundação Itaú, executa o programa Trajetórias de Sucesso Escolar. A ação concentra-se em redes públicas de ensino de até oito estados brasileiros, com três objetivos principais:
- identificar as causas que resultaram no acúmulo de defasagem;
- aplicar metodologias educacionais personalizadas para compensar perdas de aprendizagem;
- acompanhar avanços e contribuir para preencher as deficiências no ensino.
“Temos convicção no potencial transformador da educação e, para concretizá-lo, é imprescindível compreender as dificuldades e elaborar planos de ação efetivos“, afirma Daniely Gomiero, diretora do Instituto Claro.
Segundo o Unicef, a estratégia opera há sete anos em diferentes localidades, alcançando progressos regionais na recomposição de percursos educacionais.
Desafios contínuos
A redução nos índices de distorção mostra que medidas corretivas e o comprometimento institucional surtem efeito, mas os números permanecem preocupantes. As discrepâncias raciais e de gênero indicam que as soluções devem ser direcionadas para combater desequilíbrios estruturais.
Na perspectiva do Unicef, a consolidação da redução do atraso escolar exige:
- expandir a abrangência do programa Trajetórias de Sucesso Escolar para novas unidades federativas e municípios;
- garantir investimentos e suporte educacional permanente nas regiões mais vulneráveis;
- estimular a coordenação entre autoridades, instituições de ensino, comunidades e organizações civis para assegurar a recuperação e a progressão dos estudantes.
Dados divulgados em agosto revelam que, entre 2017 e 2025, mais de 300 mil crianças e adolescentes brasileiros, em risco de abandono ou fora das salas de aula, retomaram os estudos.








