16 de junho de 2025
segunda-feira, 16 de junho de 2025

Após a proibição dos celulares: como preparar alunos para um mundo mediado pela tecnologia?

Nas últimas semanas, o debate sobre a adolescência e o uso de tecnologias na educação ganhou destaque na mídia, em redes sociais, e entre professores e famílias. Esse cenário foi impulsionado pela recente proibição do uso de celulares nas escolas brasileiras, abrindo um diálogo nacional sobre o papel da tecnologia no ensino. Contudo, há o risco de que discussões polarizadas e superficiais reduzam a questão a posicionamentos extremos e afastem o foco de soluções concretas e inclusivas.

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Embora a proibição de celulares em escolas, respaldada por evidências internacionais, traga benefícios à aprendizagem, ela deve ser vista como um ponto de partida e não como uma solução final. Afinal, o Brasil é um dos países onde as pessoas passam mais tempo conectadas, e ignorar essa realidade pode alienar a escola das vivências digitais do mundo contemporâneo. Esforços além da proibição são necessários para formar cidadãos digitais preparados para os desafios do século XXI.

A questão crucial não é marginalizar ou demonizar a tecnologia, mas explorar maneiras éticas e eficazes de inseri-la no cotidiano escolar. Preparar as novas gerações para o futuro envolve ensinar habilidades para coexistir com a tecnologia de forma crítica e consciente. Uma escola que desconecta completamente seus alunos do ambiente digital corre o risco de se desviar da missão de prepará-los para resolver problemas concretos – problemas que, rotineiramente, são mediados por dispositivos digitais.

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Esse cenário impõe um desafio: se o uso indiscriminado de celulares foi restringido, o que será feito para equipar crianças, adolescentes e educadores a trabalharem de forma competente em um mundo amplamente digitalizado? Aqui, a figura do professor torna-se central. Sem estratégias pedagógicas alternativas, e em especial sem o desenvolvimento de competências digitais nos docentes, as desigualdades no acesso às tecnologias terão consequências severas, afetando principalmente os estudantes mais vulneráveis.

Como ferramenta pedagógica, os celulares podem, sim, trazer valor à sala de aula. Contudo, caso os professores não sejam capacitados a utilizá-los de forma consciente e estratégica, o impacto será desproporcional: quem já enfrenta barreiras de acesso verá essas lacunas ampliadas. Assim, investir na formação digital dos professores é uma questão de justiça e inclusão.

Nesse contexto, merece destaque a Resolução nº 2/2025 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que estabelece diretrizes para o uso de dispositivos digitais em escolas. Mais do que definir normas, a resolução promove o uso intencional e transformador da tecnologia na educação, além de traçar caminhos claros para apoiar e qualificar os professores. Trata-se de um convite a integrar os desafios do presente às competências do futuro, equilibrando proteção com protagonismo, limites com liberdade.

Se almejamos uma escola que forme cidadãos capacitados para transformar positivamente o século XXI, simples restrições não bastam. É necessário desenvolver o pensamento crítico e usar tecnologias com consciência e propósito. O professor, quando bem formado e valorizado, desempenha um papel essencial nesse processo, sendo o elo entre a aprendizagem digital e a formação ética de seus alunos. Assim, mais do que desligar celulares, precisamos iluminar consciências.

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