5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Estudo revela ligação entre declínio cognitivo e falta de acesso à educação no Brasil

No Brasil, o maior fator de risco para o desenvolvimento de declínio cognitivo, condição que integra o quadro de demência, não é a idade avançada, mas a falta de acesso à educação. Essa é a principal conclusão de um estudo inédito conduzido por pesquisadores brasileiros, publicado recentemente na revista científica The Lancet, uma das mais renomadas do mundo. A descoberta ressalta a importância da escolarização no processo de envelhecimento cerebral em comparação a outros fatores.

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O estudo, que analisou dados de 41 mil pessoas em países da América Latina, apontou que, em regiões mais pobres como o Brasil, Colômbia e Equador, questões como disparidade social e fragilidades nos sistemas de saúde e educação são determinantes no aumento do risco de demência. Por outro lado, em nações mais ricas da região, como Chile e Uruguai, fatores demográficos exercem maior influência.

A demência, uma condição crônica e progressiva que afeta funções cerebrais como memória, raciocínio e linguagem, apresenta sintomas como dificuldade de lembrar informações recentes, confusão mental e perda de autonomia. Embora possa ser tratada, não há cura para a doença. Segundo Wyllians Borelli, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os resultados confirmam que, no Brasil, fatores sociais como a educação têm impacto mais significativo sobre o desenvolvimento da demência do que a idade ou o sexo, ao contrário do que ocorre em países da Europa e nos Estados Unidos.

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Essa conclusão é especialmente relevante no contexto brasileiro, onde as desigualdades permitem uma análise clara entre grupos com diferentes níveis de escolarização. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2022, divulgados pelo IBGE, revelam que quase 10 milhões de jovens de 15 a 29 anos não concluíram a educação básica, enquanto 54,7% dos adultos analfabetos estão concentrados na região Nordeste. Essa realidade reforça a necessidade de estudos específicos sobre o cérebro de populações socialmente vulneráveis, sem tomar como padrão conclusões de países mais desenvolvidos.

A relação entre educação e declínio cognitivo pode ser explicada pela construção de uma “reserva cognitiva”. Até os 20 anos, atividades que estimulam o raciocínio, como leituras e aprendizado, formam uma espécie de “poupança” cerebral, que pode ser mobilizada para retardar o surgimento de sintomas de neurodegeneração, como os associados à demência. Esse conceito é como um sistema de rotas alternativas: um cérebro mais estimulado encontra caminhos diferentes para realizar as mesmas funções cerebrais, compensando danos causados pelo envelhecimento. Em pessoas com menor reserva, os sintomas de declínio tendem a aparecer mais rápido.

Embora o estudo tenha focado na escolaridade formal, atividades como leitura, resolução de desafios de lógica e aprendizado de novos idiomas também podem contribuir para o aumento da reserva cognitiva. No entanto, como medir esses fatores em escala populacional é um desafio, a análise baseou-se nos anos de escolaridade. Futuras pesquisas buscam explorar se a educação adquirida na idade adulta, como na Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou em cursos superiores após os 50 anos, pode ter potencial protetor contra a demência.

Além da falta de educação, outros fatores que aumentam o risco de demência foram destacados pela ciência, entre eles: perda auditiva, hipertensão, obesidade, tabagismo, transtornos de saúde mental, isolamento social, sedentarismo e consumo elevado de alimentos ultraprocessados. A pesquisa brasileira ressalta a urgência de políticas públicas e a promoção de investimentos que fortaleçam o acesso equitativo à educação, como medida essencial para reduzir os impactos do envelhecimento cognitivo e fomentar a inclusão no país.

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