Aprovado pela Comissão da Educação do Senado, o substitutivo do Projeto de Lei 5.230/23 para a reforma do ensino médio marca um importante passo rumo a mudanças substanciais no cenário educacional brasileiro. O texto, relatado pela senadora Dorinha Seabra (União-TO), propõe aumentar a carga horária mínima total da formação geral básica de 1,8 mil para 2,4 mil horas, distribuídas em 200 dias letivos anuais. Além disso, prevê a possibilidade de expansão para até 1,4 mil horas, com 70% dedicados à formação geral básica e 30% aos itinerários formativos escolhidos pelos estudantes.
Uma das inovações mais debatidas é a inclusão obrigatória da língua espanhola no currículo, ao lado do inglês, com a possibilidade de outros idiomas conforme demanda local. Essa medida visa fortalecer a identidade continental brasileira e ampliar as competências linguísticas dos estudantes.
Contudo, a proposta enfrenta críticas e desafios, especialmente quanto à distribuição equitativa das cargas horárias entre as disciplinas e a definição clara dos conteúdos programáticos. A professora Catarina de Almeida Santos, da Universidade de Brasília (UnB), destaca a necessidade de maior clareza e planejamento na implementação, especialmente no que tange à formação técnico-profissionalizante e à articulação dos itinerários formativos com as áreas de conhecimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Outro ponto controverso é a possibilidade de aulas ministradas por profissionais com notório saber, sem formação específica em licenciatura, o que tem gerado debate sobre a qualidade do ensino e a preparação adequada dos docentes.
Diante dos desafios, a reforma do ensino médio requer não apenas aprovação legislativa, mas também investimentos substanciais em infraestrutura escolar, formação continuada de professores e ampla participação da comunidade educacional. A implementação bem-sucedida dependerá do esforço conjunto entre governos federal, estaduais, municipais e a sociedade civil.