A inadimplência do SFN (Sistema Financeiro Nacional) atingiu 4% em outubro, segundo dados divulgados pelo BC (Banco Central) na manhã desta quarta-feira (26). Esse indicador, que considera atrasos superiores a 90 dias, subiu 0,1 ponto percentual no mês e 0,8 ponto no acumulado em 12 meses.
Conforme os números do BC, trata-se da maior alta anual registrada desde o início de 2022, período em que o índice também acelerou com o aperto monetário e a Selic em dois dígitos.
O comportamento observado em anos anteriores foi bem distinto. Em 2023, a variação anual da inadimplência manteve-se moderada, flutuando entre 0,20 e 0,30 ponto percentual, sem que qualquer mês superasse esses níveis.
Em 2024, o movimento foi de redução: todas as variações anuais ficaram negativas ou muito próximas de zero, entre -0,29 p.p. e -0,22 p.p., encerrando o ano em -0,23 p.p. em dezembro, um período dominado pela queda, não pela alta da inadimplência.
No entanto, em 2025 os números passaram a subir de forma contínua:
- Jan/2025: -0,07 p.p.
- Fev/2025: 0,00 p.p.
- Mar/2025: 0,08 p.p.
- Abr/2025: 0,26 p.p.
- Mai/2025: 0,28 p.p.
- Jun/2025: 0,40 p.p.
- Jul/2025: 0,60 p.p.
- Ago/2025: 0,74 p.p.
- Set/2025: 0,67 p.p.
- Out/2025: 0,83 p.p.
No crédito livre, a inadimplência ficou em 5,3%, mantendo-se nesse nível, mas acumulando alta de 0,9 ponto percentual em 12 meses. Entre as famílias, o indicador chegou a 6,7%, estável na comparação mensal, porém 1,3 ponto superior ao verificado em outubro do ano anterior. Para as empresas, a inadimplência do crédito livre avançou para 3,3%.
O agregado de crédito no SFN engloba todas as operações contratadas por famílias e empresas, e os dados apontam que as pessoas físicas concentram a maior parcela desse endividamento.
Em outubro, os saldos apresentaram R$ 4,3 trilhões para famílias e R$ 2,6 trilhões para empresas, o que representa mais de 60% do crédito total do sistema financeiro, ampliando o peso do consumo e do financiamento doméstico na composição da dívida.
Endividamento das famílias avança
O relatório também indica que o endividamento das famílias subiu para 49,1% em setembro, com ganho de 0,1 ponto no mês e 1,1 ponto em 12 meses, enquanto o comprometimento da renda atingiu 28,8%, o maior patamar da série histórica.
Há ainda aceleração no crédito destinado às famílias: o saldo total cresceu 1,3% em um mês, alcançando R$ 4,3 trilhões, e avançou 11,3% em 12 meses, puxado por modalidades como cartão de crédito total (+2,2%), crédito pessoal não consignado (+2,1%), consignado privado (+9,6%) e financiamento de veículos (+1,4%).
No segmento de crédito livre, as taxas para famílias chegaram a 58,7% ao ano, reflexo do maior peso de modalidades mais onerosas, como rotativo e cheque especial, e, para as empresas, as taxas médias ficaram em 25,2% ao ano.
No crédito direcionado, o saldo total alcançou R$ 3 trilhões, com avanço de 1,1% no mês. Essa carteira subiu 0,8% em outubro e 9,5% em 12 meses para famílias, enquanto, para empresas, cresceu 1,7% no mês e 17,5% em 12 meses.
As concessões de crédito somaram R$ 690,8 bilhões em outubro, com alta de 1,4% nas séries dessazonalizadas, resultado de queda nas contratações por empresas (-0,8%) e elevação nas operações com famílias (+2,1%).
As concessões médias diárias recuaram 5,4% no mês, refletindo redução de 10,9% nas operações com empresas e de 0,7% nas operações com pessoas físicas, em um mês que teve um dia útil a mais que setembro.
A taxa média de juros das novas concessões subiu para 31,9% ao ano, e o spread bancário alcançou 20,8 pontos percentuais, ambos em alta na comparação mensal.
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mensura o custo médio de toda a carteira ativa, avançou para 23,6% ao ano.









